21.8.12

Croácia: um pedaço do paraíso. Parte II - Split

No ano de 305 o poderoso imperador romano Diocleciano, prevendo sua aposentadoria, mandou construir um palácio onde seria seu cantinho para passar os dias que lhe restassem.  Nada bobo ele escolheu um lugar pra lá de privilegiado, cercado por belas montanhas e ilhas paradisíacas a passos de distância. Foi então que Split surgiu no mapa.

O palácio caiu em desuso anos depois e hoje renovado é a grande atração na maior cidade da Dalmácia.
Interior do Palácio



A viagem memorável por dentro dele começa em um dos quatros portões que guardavam as entradas principais: Ouro, Prata, Ferro e Bronze. A linda Catedral Sveti Duje e o cruzamento do pátio Peristil se misturam a lojas de grifes e de bijuterias, escritórios, restaurantes, mercado de peixes, artistas de rua e muitos bares que dão ao local uma nova cor e muito estilo.


A Obala hrvatskog narodnog preporoda (isso tudo é o nome da avenida) ou Riva pros íntimos, ou ainda o calçadão da beira-mar, com suas palmeiras gigantes e dezenas de bares coladinhos um ao outro e todos com sofás de ratã a céu aberto é ponto de encontro na cidade.

Calçadão da Riva

Sem dúvida, o lugar ideal para tomar um café à italiana, saborear um sorvete de casquinha, ver as embarcações marítimas atracando no porto ou, simplesmente, ver a vida passar.



O Marjan, uma colina transformada em parque, fica há dez minutos e algumas escadas da Riva, de onde, do alto, se tem uma daquelas vistas que permanecerá no cartão de memória de qualquer um. 

Vista do alto do Marjan

Bacvice, a leste da estação de ônibus, uma prainha simples mais gostosa é outro ponto de encontro entre os locais.

Nos muitos bares ao redor, a Karlovačka, a cerveja mais famosa do país, domina as mesas.



Mapeando

Qual era o plano?  O plano era deixar Zadar bem cedinho pra chegar o quanto antes em Split para aproveitar uma praia. No entanto, como tomei umas a mais como já contei no post anterior, pegamos o ônibus da dez da manhã que faria o percurso em três horas (o menos pinga pinga de todos) e com parada para almoço no vilarejo de pescadores de Trogir o que daria pra dar uma volta no centrinho. Como Split fica no meio da Dalmácia fiz dela a base para ir a outras ilhas. Nada de museu, somente praia, natureza, cerveja e comida mediterrânea fusion.

O plano funcionou? Sim e não. A viagem de ônibus é desgastante, mesmo com uma paisagem de cair o queixo ao longo do caminho. Mas chega uma hora que cansa de paisagem e de ônibus. Quem consegue dormir, ótimo. Eu não prego o olho.  A praia é bem ao estilo mediterrâneo: nada de areia, um monte de pedrinhas, água infinitamente azul e extremamente gelada. A cidade é bem pequena e fácil de matar em um dia (preferi não visitar museus e etc...só praia) e ideal pra relaxar. O que não rolou foi a perda de tempo em transito e locomoção de um lado a outro. Sem esquecer os horários dos Ferry Boat e Catamarãs pra ir às ilhas que muda o plano do plano.  No mapa parece tudo muito perto mais é tudo  longe e nunca é fácil de chegar como parece. Mas isso conto isso na parte três dessa série.

Se eu soubesse – Não compraria passagem de ida e volta do mesmo lugar como fiz.  Paguei €40 retorno por Ryanair de Dublin a Zadar. Foi o barato que saiu caro. Já que perdi em locomoção umas 18 horas. Desse modo, desembarcaria em Zadar e embarcaria em Split ou Dubrovnik como era o plano original. Com a realidade na cara, desisti de ir a Dubrovnik para não ter que passar mais oito horas dentro de um ônibus (essa era a opção mais acessível em todos os sentidos, pois chequei tudo).

Quem leva - Não existem voos diretos do Brasil, as conexões acontecerão em países como Inglaterra, Portugal, Alemanha, França ou Holanda. De qualquer um desses lugares empresa low cost voam para a Croácia.
De Zadar para Split pequei um ônibus intermunicipal a 100 kunas.  Nada de luxo, mas com ar condicionado e várias paradas durante o caminho pra esticar as pernas, comprar mais água e reclamar que ainda não chegou. Os preços variam de acordo com a companhia, o horário (praticamente a cada hora ou hora e meia) e a quantidade de paradas. O trajeto mais curto leva em torno de 3 horas.  Tenha moedas (uma ou duas kunas, não me lembro ao certo) em mãos pra pagar a mala que deve ser despachada no bagageiro. A passagem pode ser comprada na hora nos quiches e não tem lugar marcado: chegou pegou janela! Ah! e ônibus lota!

Saindo e voltando da Rodoviária - A rodoviária de Split fica bem no Centro, assim como, o porto pra quem chegar ou sair de Ferry. Deu pra ir caminhando até o hotel e não gastei dez minutos.

Onde festar – Dentro do Palácio existem dezenas de bares que surgem de ruelas com mesas a céu aberto e gente por todos os lados. Ali é parada certa para desde o café da tarde, passando pelo happy hour, colando com o esquenta e sendo mandando embora pelo pessoal da limpeza. A sensação é das melhores já que petiscar azeitonas locais tomando Karlovačka e tendo como cenário um ex-palácio do ano de 305 e ainda escutando divagações e confissões em croata na mesa ao lado (a língua dos sinais diz muito) é daquelas experiências que não tem cadeira na faculdade. Eu fui ao Ghetto Club (Dosud, 10) que atrai os modernetes tanto no início com no fim de noite, também fiz uma parada nas escadas do Puls (Buvinina,  1) e também Fluid (Dosud, 1)  e em outros tantos que nem nome tinha e se tinha eu não vi. 


Das ruelas do Palácio pode surgir de um tudo
Onde comer – Split segue a mesma linha de Zadar no quesito pizza boa e barata espalhado pela cidade toda. Por um ou dois euro uma fatia tamanho gigante e bem recheada faz o trabalho.  Jantamos todas as noites em algum restaurante bacana do Centro tanto na Riva como dentro do Palácio e a conta não passava, já convertendo, de 20 a 25 euros com bebidas. Não fui aos restaurante com vista pro mar em Bacvice porque eu não como peixes.  A cozinha é mediterrânea fusion com italiana e muito frutos do mar. A cartela de vinhos locais é extensa e a Karlovačka lota as mesas.

Onde ficar – Em qualquer lugar a passos do Palácio será super bem localizado. Fiquei no Marmont Room, um andar de um prédio transformado em hospedaria de luxo. Que é um verdadeiro luxo com uma ótima relação custo benefício e com ares de lar doce lar. Fotos e infos aqui!

Clube Experiência - Enquanto Zadar tem cara de cidade universitária com um por do sol a ser apreciado com cerveja barata no Órgão Marítimo, Split, mas parece um lugar pra ver e ser visto. Os italianos que lotam a cidade levam isso ao pé da letra e desfilam suas grifes no calçadão da Riva. Como não estava muito a fim de ver desfile de moda corri pros bares da prainha de Bacvice bem pertinho do Centro com um estilo bem mais descontraído. O local é superfamília e reunião de amigo. Morando na Irlanda há um tempão me acostumei a viver sem Sol e quando cheguei nessa prainha a combinação: pé no chão, cerveja, petisco, bate papo, nada pra fazer e Sol foi demais.

Outras informações aqui

7 comentários:

Unknown disse...

Show de bola, a Croacia deve ser linda mesmo

Anônimo disse...

Olá Paulo! Adorei seu relato das viagens e sua reflexão sobre o que valeu a pena ou não! Estou planejando uma viagem pela Croácia e seus comentários sobre o deslocamento estão sendo super úteis porque não pretendo alugar carro e vou viajar com minha filha de 7 anos, o que deixa a locomoção uma questão ainda mais importante a ser estudada.
Vc disse q pesquisou opções de Split a Dubrovnik e considerou o ônibus a melhor opção. Eu havia pensado em fazer este trecho de avião e comprar a passagem de retorno embarcando lá. O q vc acha?

Paulo Rogério de Souza disse...

Oi "Anônino" tudo depende do tempo que vai ficar pela Croácia. Se for ficar uma quantidade de dias consideráveis e quesir fazer um slow travel o carro é uma boa, já que vai fazer tudo no seu tempo. Já para viagens mais curtas com várias cidade no roteiro o carro não rola mesmo e o ônibus pode ser uma perda de tempo também. De Split a Dubrovnik estamos falando de quatro a seis horas no busão, dependendo da rota e do horário que tu pegarás. Com criança, dependendo de onde você vem e pra onde e quanto tempo ficará pode ficar cansativo. Fiz um trajeto de quatro horas que pareceram oito. Não faço mais de duas horas de ônibus depois dessa. Talvez para ti a melhor opção seja mesmo o avião. Pesquise nos sites de busca de passagens como o Skyscanner e pesquise não só os preços, como também, empresa áereas que fazem o trajeto e que as vezes não conhecemos e aí compara com o site oficial e com outros buscadores. C Pesquisa também como fará para ir do Centro de Split para o aerporto da cidade que não fica tão perto. Voltar do último destino, com certeza, é a melhor opção. Tem a opção de Ferry, mas também leva um tempão. Há ainda o opção de ferry noturno que aí seria uma boa já dormiria no trajeto. Como disse tudo depende do seu tempo pelo país. Qualquer outra ajuda estou a sua disposição. Obrigado pela visita e confiança! Abração! Paulo

Claudia disse...

Obrigada, Paulo! Pretendo passar 2 dias em Zagreb para a partir de lá conhecer os Lagos de Plitvice. De Zagreb vôo para Split onde pretendemos ficar 4 ou 5 dias, fazendo passeios para as ilhas. O vôo que eu havia pesquisado de Split a Dubrovnik faz uma conexao em Zagreb e o ônibus de 5h até lá está fora de cogitação para mim.
Acho que manter Dubrovnik vai ser cansativo.
Obrigada pela contribuição!!
Claudia

Paulo Rogério de Souza disse...

Oi Claudia! A parte mais difícil de planejar uma viagem é fazer cortes de cidades que queremos muito ver:(
Mas lembro que Dubrovnik é uma cidade bem pequena e um dia é suficiente pra desbrava-la. Os outros passeios e praias estão tudo ao redor o que dispende tempo. Se quiser muito ir, tente também voar direto de Zagreb para Dubrovnik e de lá outro pra Split, talvez?? Mas ter Split como base é uma ótima ideia. Não deixe de ir a Hvar. E o bom que no verão tem os catamarãs que são bem mais rápidos que os ferry boat facilitando a vida.
Aproveite sua viagem, tenho certeza que vais adorar a Croácia. Um grande abraço!

Cláudia disse...

Paulo, obrigada pela gentileza. Vou estudar com um pouco mais de paciência a possibilidade de manter Dubrovnik.
Já que vc ofereceu ajuda, gostaria de pedir mais algumas sugestões.
Li seu relato sobre Zlani Rata e, apesar das fotos serem lindas, achei muito difícil chegar até la. Vc pesquisou sobre alguma outra praia que valha a pena em Bol?
Quanto a Hvar... Vc acha que vale a pena ficar hospedado lá ou baseado em Split? Li que as conexões de ferry são mais numerosas a partir de Split.
Obrigada!! Abs!

Paulo Rogério de Souza disse...

Oi Cláudia! Que bom que voltou!
Vamos lá: Chegar em Zlani Rata é uma lenda. Como fui em início de junho e, não era alta temporada, não havia os catamarãs que são mais rápidos e aí tive que fazer essa "baldiação". Em Bol que é onde fica Zlani não sei se tem muita opção de outras prias não...até dever ter mais aí tem que fazer trilhas e lá se vai tempo.Mas no verão tem a linha Split - Bol direto. Aí fica bem mais viável.Dá uma olhada nesse site da empresa de Ferry (www.jadrolinija.hr)para confirmar os horários.
Hvar é a ilha mais badalada do país e tem um centrinho bacana, bons restaurantes enfim...bom. O que tu pode fazer, talvez, é Split - Hvar. Dorme em Hvar e de Hvar atravessar de taxi-boat e ir para Plakeni, um arquipélogo com quase 20 ilhotas e de uma delas voltar pra Hvar/Split. Dá uma pesquisada sobre Plakeni e cruza todos os horários e vê se fecha. Mas Cláudia, são mais de 1200 ilhas, dá muita vontade de ir conhecer quantas foram possíveis, mas não é possível -hehe. Então, cuidado pra não sobrecarregar suas férias com translados e deixar seus filhos irritados.
Qualquer coisa entra em contato que estou aqui a disposição.
Grande abraço!