28.8.12

Croácia: um pedaço do paraíso. Parte III - Zlatni Rata

Escolher uma ou duas entre 1246 ilhas para visitar em uma curta estadia pode ser um trabalho árduo.  Mas como queria ver algo realmente diferente e com toque especial da mãe de Deus, escolhi a praia de Zlatni Rata.  A faixa de areia banhada, dos dois lados, pelo mar Adriático que é conhecida como a jóia de ouro dos croatas.
 
Foto: Divulgação Ministério do Turismo Croata
E agora, José? Pensei.  Pois bem, quando fiz meu plano de viagem tudo parecia muito perto e fácil para se locomover. Nos blogs a dica era checar os horários dos Ferry  Boats ou catamarãs e tudo estaria resolvido.

Mas na prática foi bem diferente. Os horários dos Ferry diferem quando é pra pessoas, pessoas e carros e somente carros. O tempo de viagem também muda. Catamarã somente em alta temporada de verão. A empresa Jadrolinija domina a operação e encontrei em Split apenas uma segunda opção de Ferry com uma tabela de horários bem limitados o que foi descartada em segundos.
 
Ferry Boat deixando Split em direção a Supetar
 
Comprei as passagens no dia da viagem sem problemas. O Porto em Split fica bem no centro da cidade. Os portões de embarque tem placas de identificação grandes com por exemplo: Portão 22 A o que não dificulta a localização. O Ferry é imenso por dentro. Entram os carros pela parte central do navio e as pessoas pelas escadas laterais. A área interna para passageiros é espaçosa, com um bar servindo o menu de rodoviária. Pode-se ir ao último andar e viajar com o ar fresco batendo na cara (opção mais barata) e em pouco meno de uma hora o vilarejo de Supetar se apresentou.
 
Vilarejo de Supetar
 
No centrinho alguns restaurantes, bares, uma rodoviária pequena,  um centro de informações e um monte de casinhas cravadas no meio das montanhas.
 
Supetar
 
E agora, Jose parte II? Ainda não estava em Zlatni Rata e para se chegar a Ilha de Brac, que é onde está a maravilha, tomei um ônibus que desceu uma serra daquelas de dar frio na barriga. O fluxo intenso e a falta de acostamento deixava tudo mais excitante e tenso.
 
Praia de Bol durante a descida da Serra
Uma hora depois e Bol com seu marzão azul de doer a retina estava aos meus pés.
 
 
 
 

Mais ainda faltava percorrer uma trilha pra se chegar a Zlatni Rata.
 
 
No caminho já se tinha um gostinho do que vinha pela frente.
 
 
Meia hora de caminhada e a famosa faixa de areia, ou melhor, de pedrinhas cercadas pelas águas do mar Adriático com montanhas de pano de fundo, preencheram meus olhos.
 
Depois de 3 horas eis a bendita
 
As árvores entre pedras dos mais diferentes formatos formam cabanas naturais exclusivas. O cheiro de verde misturado ao barulho das ondas comprovavam que eu estava no paraíso.
 
 

Mapeando
 
Qual era o plano? Passar um dia em um paraíso europeu com as pernas pra cima tomando cerveja.
 
O plano funcionou? Sim. Mas esse dia foi bem curto e ele se tornou tenso por conta dos meios de transportes e horários deles que tive que estar atento. Para se ter uma ideia: Split – Supetar = 1 hora de Ferry. Supetar – Bol = 45 minutos de ônibus. Bol - Zlatni Rata = 30 minutos pela trilha calçada e sinalizada ou mais de uma hora pelas pedras até chegar à trilha novamente.  Juntando tudo são quase 6 horas de locomoção o que acaba por proporcionar  apenas algumas horas no paraíso.
 
Vale a pena?
 
Aquecendo antes de praticar o FKK
 
Quem leva – Split é a melhor cidade para se fazer de base pra se locomover entre as ilhas pela sua localização central. O Porto super bem situado é uma mão na roda. Pra chegar em Zlatni Rata. Tomei o Ferry Boat para Supetar por aproximadamente €22 - retorno. De Supetar um ônibus bem simples, mas com ar condicionado, me deixou na Ilha de Brac por 50 Kunas -  retorno.
 
Atenção redobrada – Cruzar os horários dos Ferry com os ônibus para montar o plano com hora de chegada e partida é fundamental.  Se perder o último ônibus que é por volta das cinco da tarde, vais dormir numa ilha deserta e paradisíaca.
 
Se quiser dormir mesmo - A melhor saída é alugar um “Sobe”, ou quarto em casa de família, com ar condicionado, TV e banheiro por bagatelas. No pico do verão as estações de ônibus e de Ferry ficam lotadas com senhoras segurando plaquinha nas mãos oferecendo o serviço. Melhor se precaver e reservar antes de ir (croatia.hr).
 
Onde comer – Na Ilha de Bol, pertinho do ponto de ônibus, à direita, tem quatro ou cinco restaurantes à beira mar bem simplesinhos mais uma graça. Comida feita na hora e nada de muito requinte, mas cheia de sabor e com serviço local digno de Michelin. Pra não perder a linha dos últimos dias Karlovačka antes durante e depois o almoço.
 
Clube Experiência – A Croácia é famosa por seus campos de naturismo. São mais de trinta espalhados pelo país. Durante minha pesquisa li todas as regras de conduta meio que me preparando para a ocasião. E isso ficou esquecido durante o desenrolar da viagem. No entanto, depois de toda a função pra se chegar a Zlatni Rata e logo depois de eu me sentar pra apreciar o mar e relaxar as pernas vejo corpos nus saindo da água gélida. Fiz cara de “esta tudo normal somos adultos e evoluídos”  e ri por dentro. Fui dar uma volta pela praia e lá entre as pedras - que mais parecem chalés privados, outros corpos nus buscando seus contatos com a mãe natureza.

Sabia que se seguisse as placas em direção a Plakina encontraria um verdadeiro  campo de naturismo. Mas era mais uma caminhada e  então desisti.   Pensei se deveria me juntar aos que ali estavam e  liguei o “Dane-se”. Procurei um cantinho dentre as pedras e fiquei como vim a mundo. Nu e gargalhando por dentro e de mim  mesmo. Minutos depois me senti como um dos FKK, sigla que identifica os seguidores e os locais da cultura do corpo livre ou os naturistas. Estava ali meio sem jeito, mas rapidinho relaxei e entrei naquele momento “eu e a natureza” debaixo de Sol banhado por água fresca. Um verdadeiro Adão no Paraíso.

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