27.6.12

Liverpool: um porto de surpresas

Tenho medo de surpresas. Festas de aniversário e visitas inesperadas me dão um certo arrepio. Mas gosto quando a vida me prega peças daquela que me faz sorrir de canto de boca e me sentir agraciado.

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Foto do Tate Liverpool
Liverpool, uma cidade portuária de pouco mais de 450 mil habitantes, fundada em 1207, no noroeste inglês; apesar da aparência sisuda, me surpreendeu.

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Depois de um bate papo sobre fotografia e viagens com um colega mexicano e uma vasculhada no site da Ryanair por passagens de não mais €15 (retorno - incluindo taxas), eis que abro o mapa da terra dos Beatles.

O ônibus aeroporto-centro nos deixou na parada da Albert Dock, um antigo cais com docas transformadas em Centro Cultual e Gastronômico pra lá de bacana.
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Albert Dock
Depois de um voo madrugadão (os voos mais baratos da Ryanair saindo de Dublin são entre seis e sete da manhã. Acrescente ainda a chegada duas horas antes no aeroporto - que estará lotado - e temos o voo madrugadão) precisava de um café e a pedida não foi outra que a Starbucks noThe Beatle Story, todo decorado com fotos da banda num espaço tipo caverna, carregado de estilo.

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Abastecido de cafeína e blueberry muffin, algumas escadas acima para desbravar uma espécie de museu temático que conta a história dos garotos de Liverpool.
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The Beatles Story
Dali uma passada na loja de suvenires (preços altíssimos) e rumo para o divertido The Merseyside Maritime Museum ali do ladinho.

The Merseyside Maritime Museum.
Ainda faltava o mais esperado, entretanto, guardamos o melhor da festa para mais tarde, para ser degustado com cerveja e pôr do Sol.

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Do rio Mercey já pude ver as The Tree Graces: as três edificações históricas mais famosas da cidade protegidas pela UNESCO como patrimônio marítimo.
O Royal Liver Building, de Aubrey Thomas foi concluído em 1911 como expansão dos negócios do grupo Royal Liver. Por muito tempo foi um dos maiores prédios do Reino Unido. Ornamentado por dois relógios bem no alto (maiores que o famoso Big Ben) serve para orientar os marinheiros que navegavam pela região.
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Royal Liver Building
O vizinho Cunard Building é chamado Grade II e traz uma mistura arquitetônica calcado no Renascimento italiano.
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Royal e Cunard
O Port of Liverpool com sua mistura de estilo barroco eduardiano com símbolos marítimos é conhecido como Grade III.
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Parte do Port of Liverpool
Os prédios hoje são ocupados por instituições governamentais e privadas e transformou a região numa movimentada área comercial.
Do rio até o Centro da cidade a caminha é curta.

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No centrão esta o Queen Square Centre, uma galeria com um pouco de tudo que parece ser parada obrigatória dos locais.

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No entanto, a Radio City Tower que fica ali pra todo mundo ver de onde quer que esteja é o ponto de refência na cidade. Construída por luxo da realeza é hoje uma rádio FM local e ponto de observação. Estava fechada para visitas no meu dia na cidade :(

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Para compensar uma passeada no Liverpool One, uma espécie de shopping center a céu aberto com as maiores lojas de departamento do Reino Unido e uma circulada pelas ruas em volta.

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O Parque St John fica na redondeza e abriga a Walker Art Galleryque deixei para uma próxima visita.
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Parque St. John com a Radio City Tower ao fundo
Algumas subidas e descidas capazes de colocar línguas de fora e chegamos a Catedral Metropolitana.

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A igreja católica romana teve sua construção finalizada em 1967 e foi um pedido da comunidade religiosa a crescente população fiel da cidade.

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Um dos mini altares espalhados por todo a igreja

Arquitetada por Frederick Gibberd, para que 2000 mil pessoas pudessem ver o altar de onde estivessem, mais parece uma arena de show com luzes e efeitos de deixar a arte do entretenimento de queixo caído.

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O majestoso altar da Metropolitana
Ainda em busca da arte sacra e religiosa a próxima parada foi a Catedral de Liverpool, mas antes havia uma pedra no caminho...
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Paul McCartney tem seu nome grafado numa guitarra na obra
Uma não, varias: "A Case History". Do artista John King que, em 1998, contou a história da cidade, do seu povo e das instituições esculpidos num divertido jogo de achar que pode ser confundido com malas esquecidas na esquina de uma rua qualquer. Um barato!

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A escultura fica no Hope Street com a Mount Street

A Catedral de Liverpool é casa dos anglicanos na cidade.

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Construída durante longos 74 anos e finalizada em 1978, revela-se outra referência em arte religiosa e sacra na cidade.

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Os 1700 m² de vitrais (foto abaixo) e obras plásticas (fotos acima) ajudam a contar as histórias tematizadas na liturgia e nos preceitos bíblicos.

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O altar com detalhes em ouro com parte dos vitrais ao fundo
Mesmo com toda a influência religiosa típica do Reino Unido, Liverpool também respira outra arte: a da rua, transbordada de realismo.

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Uma passada pela China Town (decepcionante pois não encontrarmos nada muito interessante pra comer que estivesse com cara boa) e segue o roteiro.

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Como estávamos em três o que significa gostos diferentes, a visita ao estádio do Liverpool foi colocado em pauta para decisão de ir ou não já que ficava afastado do Centro e o tempo estava curto. A opção mais central era a visita à casa, transformada em museu, do fotógrafoHardman, no entanto, a entrada era somente até às três e meia da tarde. O que já havíamos perdido. Pergunta daqui, pergunta dali para saber qual o ônibus que nos deixaria na boca estádio e pronto!

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Como não sou nem um pouco fã de futebol, pulei a visita ao estádio e me detive ao museu que conta a história do time através de fotos e taças.
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O museu desemboca na loja do clube que vende de tudo sobre o vermelhão.
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Comprei uma mini taça do time e deixei a visita ao rival do campeão, o Everton, para uma próxima encarnação.
De volta ao Centro e direto para Mathew street.

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"Beatlolândia"
Mas precisamente no número 10. Ali esta localizado o que transformou a cidade de Liverpool no maior palco da revolução musical dos últimos cem anos.
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Foi no Cavern Club que os Beatles começaram a cantar nos anos 60, antes de se tornarem fenômenos mundiais.

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Inaugurado em 1957 foi palco de mais de 250 apresentações da banda.

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Em 1973 foi fechado e demolido e nos anos 80 foi reconstruído com uma outra estrutura mas utilizando cerca de 15 mil tijolos da construção original.

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Hoje, além de ser o maior ponto turístico de Liverpool, completa as três casas do grupo Cavern junto com o Cavern Loung e o Cavern Pub (em frente) e continua sendo o abrigo das bandas iniciantes e o palco de festivais musicais que rolam na cidade.

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A ideia era fazer um longo happy hour ali, mas como estava vazio e a cerveja com gosto de final de barril voltamos para a Albert Dock.

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Mas antes de umas pints à beira do Mersey. Uma parada mais que especial, o melhor da festa: Tate Liverpool, o museu de arte moderna referência no mundo com matriz em Londres.

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Como estava na Europa há mais ou menos três meses, esperava por um grande museu de arte contemporânea para realmente sentir o efeito produtor da arte em mim como leigo.

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Jogo de olhar
E o cruzar da porta foi um cair de queixo, principalmente, a exposição temporária  com tema "Cores". Na última parte dessa mostra para entrar era preciso pegar um fone de ouvido, coloca-lo e cruzar uma escura cortina preta que nos levaria, sabe lá Deus onde.

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Foto de Omar Zapeda
Outra surpresa. Atrás da cortina havia uma pista de dança. Nos fones de ouvido tocavam músicas que casavam perfeito com as "cores da noite." Dançar foi consequência. Os quase 20 estudantes me acompanharam na coreografia. E da minha forma, da forma deles ou de quaisquer outras formas a arte nos embriagou. Bravo!
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Foto de Omar Zapeda
Pra fechar o dia: Albert Dock recheado com cerveja, pôr do Sol no rio Mersey, bate papo e um sorriso de canto de boca de quem foi surpreendido.
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Mapeando
Dublin – Liverpool - Dublin por Ryanair a €14 retorno com taxas incluídas
Aeroporo - Centro - Aeroporto: Airlink 500 (John Lennon airport - City Centre). Opera todos os dia das 6h45m às 23h45 com frequência de 30 minutos. Preço: não me lembro exato, mas foi centavos.
Albert Dock – Grátis
The Beatle Story – Aberto todo os dias das 9h às 19h (reduzido no inverno). Preço Adulto: £15,95
The Merseyside Maritime Museum- Aberto todos os dias das 10h às 17h. Grátis.
Catedral Metropolitana –Grátis
Catedaral de Liverpool –Grátis
Estádio do Liverpool – Entrada museu £6 e o combo museu e estádio £15 (preços cheio).
Tate Liverpool – Aberto todos os dias das 10h às 17h50m. Grátis.
Outras informações aqui.
Se eu soubesse...
Fiquei apenas um dia na cidade. Se eu soubesse da supresa dormiria uma noite ali e assim teria mais tempo para curtir os bares e os restaurantes na Albert Dock, voltaria ao Cavern Club e daria mais uma ou duas espiadas demoradas no Tate.

Para entrar no clima:

14.6.12

Bruges: a capital romântica belga

Uma cidadezinha medieval enfeitada por casas que parecem mini castelos. E todas elas espalhadas por ruas de pedras onde passam charretes conduzidas por cocheiros usando chapéus de feltro.  Os canais arborizados lotados de barquinhos completam o cenário de puro charme e transformam Bruges na capital romântica belga.

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Conto de fadas
Mas nem sempre foi assim. Bruges é um daqueles lugares que fez do limão uma limonada. Depois de ser um importante entreposto comercial para toda Europa e viver seu auge entre os séculos 12 e 15, o canal que a ligava ao mar foi assoreado e a cidade adormeceu no esquecimento por longos anos.
A grande catástrofe comercial se transformou em um grande trunfo e, hoje, ela vive outro boom: o do turismo
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Centro histórico lotado de turistas

Anualmente mais de três milhões de visitantes desembarcam na chamada Veneza do Norte, ávidos por romantismo.
Apesar de ter ido a Bélgica como viajante individual (classificação da indústria do turismo) , leia-se avulso (classificação dos meus amigos)! Fiz questão de passar um dia na cidadela.
Logo na desembarque na estação central da cidade pode-se alugar bicicletas.
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Vai uma bike, ai?

Preferi degustar a cidade a pé mesmo, pois já sabia que, além de oval, ela era bem pequenininha e também porque não queria me preocupar em procurar lugares para estacionar a magrela a cada parada. 

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A ideia era de entrar no clima dos locais e relaxar. Os belgas de Bruges tem a fama de serem bem tranquilos, sem pestanejar, entrei no clima rapidinho.
A caminhada da estação de trem até a Grote Markt, a praça central, é super rápida e gostosa.

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Grote Markt, o centro histórico da cidade

Ali, na Idade Média, aconteciam os mercados de sábado onde eram vendidos de artesanatos a alimentos. Hoje, cercado de prédios de cair o queixo, é o local onde os restaurantes e bares fincaram suas bandeiras para atrair os turistas loucos para provar as mais de 400 marcas de cerveja produzidas no país e os quitutes locais carregados de frutos do mar.


E é ali na praça também o ponto de econtro das charretes que circulam por todos os lados.

€50 e meia hora de felicidade, quer?


Mais uma caminhada pelas ruelas de pedras ao redor da praça e pequenas paradas para comer o típico e original Waffle belga.
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É de comer chorando

Seguindo a multidão fiz uma parada obrigatória na Igreja de Nossa Senhora, construída no século XIII e com 122 metros de altura é uma das estruturas de tijolos mais alta do mundo e  casa da obra Madonna e o menino, esculpida por Michelangelo, em 1504 - a única escultura do artista fora da Itália.
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Madonna e o menino
Adoro igrejas e nessa fui surpreendido pelo ensaio do músico que praticava alguns arranjos para a liturgia e essa combinação de arte, religião e história foi simplesmente emocionante.

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O ensaio dos músicos com o altar ao fundo
Uma passagem no supermercado local pra abastecer a sacola com chocolates belga. Maneira essa a mais fácil que achei de provar os famosos sem gastar todo meu dinheiro. Como já havia passado dois dias em Bruxelas (abro o mapa de Bruxelas logo logo aqui no blog) e provado os pralines artesanais (foto abaixo) aqui em Bruges optei pelos industriais - aquelas barras e trufas que colocamos nos nossos carrinhos nas compras do dia a dia, sabe? 

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Os pralines artesanais belgas famosos mundo afora

E da-lhe chocolate pra aguentar os casais, supostamentes, apaixonados se fotografando sobre as pontes, árvores, ruas e ...
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De lá entrei numa loja de revistas em quadrinhos, uma mania nacional.

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O belga Hergé, o criador do Tintin, é o maioral no país e seu filho, queridíssimo, tem suas histórias espalhadas por todos os cantos como obra prima.
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Um grafite do Hergé

Depois de admirar por alguns bons minutos os 88 metros da Torre Belfort (cenário do filme In Brugges de 2008) encarei os 366 degraus e entendi o porque da guarda local na época Medieval usar a torre como ponte de observação contra o ataque inimigo.
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Os sinos do Belfort controlavam a vida dos locais

A vista panorâmica é estupenda e com raio de visão de 360°.


No térreo do Belfort esta o museu Salvador Dali - Marquis de  Pubol, uma feira de chocolate e um mercado de cortes e queijos que complementou o bem viver.
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O surrealismo de Salvador Dali

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O realimo do povo

Alimentado de arte, chocolate e queijos  fui fazer o tão esperado passeio de barco pelos canais.

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Os 45 minutos passaram voando. 

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O guia- condutor contou num megafone a história da cidade e a cada ponte que cruzávamos ele gritava: cuidado a cabeça.

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E Bruges tem realmente muitas pontes e as rendeiras dali dizem que a origem do nome da cidade vem daí.

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Preferi deixar o passeio de charrete para uma próxima...

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quando voltar acompanhado (se Deus quiser) na cidade que têm lojas de grifes, boutiques de diamantes (especialidades belgas que falarei no post sobre Antuérpia), restaurantes, bares, passeios e tudo mais que um casal precisa para ser feliz e um solteiro cortar os pulsos.


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Como ir: De Bruxelas para Bruges - Trens da estação Garu du Midi/ Zuidstation para Bruges Central station. Da estação central de Bruxelas para a Midi: metrô.
Quanto: Pela Rail Europe  (fiz uma simulação e a cotação de hoje para o dia 22/06/2012): 2° classe €18,20 e 1° €28.
Quanto tempo de viagem: 1 hora exata.
Frequência dos trens: Todos os dias em diversos horários. Checar aqui.
Onde comprar: comprei nos quiosques na movimentada estação Central  de Bruxelas, um dia antes.
É bom saber que... tem guarda volumes na estação se você quiser deixar suas malas.
O que comi: Almoçei uma baguete com cortes belgas, fiz degustação de queijos no mercado do Belfort, comi muito waffle e chocolates e deixei pra jantar em Bruxelas.
Informações turísticas aqui

Quanto paguei
Passeio de barco: € 5
Aluguel de bicicleta: mais ou menos €10 o dia
Torre e museu Belfort: €8
Igreja (Church of Our lady ou O.L.V.): €2
Museu Dali: €10 ingresso simple ou €15  pelo luxo , mas só se você quiser dar um upgrade e incluir uma taça de Cava e praline belgas durante sua visita entre as obras.

Clube experiência
Passei um dia na cidade. Tempo mais que suficiente pra rodar por tudo. Se quiser ficar mais ( os casais deveriam) prepare o bolso porque os preços de forma geral são altos.
Viajei de 2° classe, ticket retorno mesmo dia  e foi perfeito.
A estação Midi além de movimentadíssima  por ser  a casa dos trens regionais e internaiconais como o Eurostar é enorme, por isso, chegue um pouco antes pra achar sua plataforme de embarque.
O fiscal  só aparece no meio da viajem pra checar o ticket e a classe onde você sentou, guarde-o em local de fácil acesso.  
Perdi a visita na Basílica do Sangue de Jesus que dizem ter o sangue Dele no altar, mas cheguei em Bruxelas em tempo de fazer uma noite memorável, tipica de um solteiro.