Tenho medo de surpresas. Festas de aniversário e visitas inesperadas me dão um certo arrepio. Mas gosto quando a vida me prega peças daquela que me faz sorrir de canto de boca e me sentir agraciado.
Liverpool, uma cidade portuária de pouco mais de 450 mil habitantes, fundada em 1207, no noroeste inglês; apesar da aparência sisuda, me surpreendeu.
Depois de um bate papo sobre fotografia e viagens com um colega mexicano e uma vasculhada no site da Ryanair por passagens de não mais €15 (retorno - incluindo taxas), eis que abro o mapa da terra dos Beatles.
O ônibus aeroporto-centro nos deixou na parada da Albert Dock, um antigo cais com docas transformadas em Centro Cultual e Gastronômico pra lá de bacana.
Albert Dock |
Depois de um voo madrugadão (os voos mais baratos da Ryanair saindo de Dublin são entre seis e sete da manhã. Acrescente ainda a chegada duas horas antes no aeroporto - que estará lotado - e temos o voo madrugadão) precisava de um café e a pedida não foi outra que a Starbucks noThe Beatle Story, todo decorado com fotos da banda num espaço tipo caverna, carregado de estilo.
Abastecido de cafeína e blueberry muffin, algumas escadas acima para desbravar uma espécie de museu temático que conta a história dos garotos de Liverpool.
The Beatles Story |
Dali uma passada na loja de suvenires (preços altíssimos) e rumo para o divertido The Merseyside Maritime Museum ali do ladinho.
The Merseyside Maritime Museum. |
Ainda faltava o mais esperado, entretanto, guardamos o melhor da festa para mais tarde, para ser degustado com cerveja e pôr do Sol.
Do rio Mercey já pude ver as The Tree Graces: as três edificações históricas mais famosas da cidade protegidas pela UNESCO como patrimônio marítimo.
O Royal Liver Building, de Aubrey Thomas foi concluído em 1911 como expansão dos negócios do grupo Royal Liver. Por muito tempo foi um dos maiores prédios do Reino Unido. Ornamentado por dois relógios bem no alto (maiores que o famoso Big Ben) serve para orientar os marinheiros que navegavam pela região.
Royal Liver Building |
O vizinho Cunard Building é chamado Grade II e traz uma mistura arquitetônica calcado no Renascimento italiano.
Royal e Cunard |
O Port of Liverpool com sua mistura de estilo barroco eduardiano com símbolos marítimos é conhecido como Grade III.
Parte do Port of Liverpool |
Os prédios hoje são ocupados por instituições governamentais e privadas e transformou a região numa movimentada área comercial.
Do rio até o Centro da cidade a caminha é curta.
No centrão esta o Queen Square Centre, uma galeria com um pouco de tudo que parece ser parada obrigatória dos locais.
No entanto, a Radio City Tower que fica ali pra todo mundo ver de onde quer que esteja é o ponto de refência na cidade. Construída por luxo da realeza é hoje uma rádio FM local e ponto de observação. Estava fechada para visitas no meu dia na cidade :(
Para compensar uma passeada no Liverpool One, uma espécie de shopping center a céu aberto com as maiores lojas de departamento do Reino Unido e uma circulada pelas ruas em volta.
O Parque St John fica na redondeza e abriga a Walker Art Galleryque deixei para uma próxima visita.
Parque St. John com a Radio City Tower ao fundo |
Algumas subidas e descidas capazes de colocar línguas de fora e chegamos a Catedral Metropolitana.
A igreja católica romana teve sua construção finalizada em 1967 e foi um pedido da comunidade religiosa a crescente população fiel da cidade.
Um dos mini altares espalhados por todo a igreja |
Arquitetada por Frederick Gibberd, para que 2000 mil pessoas pudessem ver o altar de onde estivessem, mais parece uma arena de show com luzes e efeitos de deixar a arte do entretenimento de queixo caído.
O majestoso altar da Metropolitana |
Ainda em busca da arte sacra e religiosa a próxima parada foi a Catedral de Liverpool, mas antes havia uma pedra no caminho...
Paul McCartney tem seu nome grafado numa guitarra na obra |
Uma não, varias: "A Case History". Do artista John King que, em 1998, contou a história da cidade, do seu povo e das instituições esculpidos num divertido jogo de achar que pode ser confundido com malas esquecidas na esquina de uma rua qualquer. Um barato!
A escultura fica no Hope Street com a Mount Street |
A Catedral de Liverpool é casa dos anglicanos na cidade.
Construída durante longos 74 anos e finalizada em 1978, revela-se outra referência em arte religiosa e sacra na cidade.
O altar com detalhes em ouro com parte dos vitrais ao fundo |
Mesmo com toda a influência religiosa típica do Reino Unido, Liverpool também respira outra arte: a da rua, transbordada de realismo.
Uma passada pela China Town (decepcionante pois não encontrarmos nada muito interessante pra comer que estivesse com cara boa) e segue o roteiro.
Uma passada pela China Town (decepcionante pois não encontrarmos nada muito interessante pra comer que estivesse com cara boa) e segue o roteiro.
Como estávamos em três o que significa gostos diferentes, a visita ao estádio do Liverpool foi colocado em pauta para decisão de ir ou não já que ficava afastado do Centro e o tempo estava curto. A opção mais central era a visita à casa, transformada em museu, do fotógrafoHardman, no entanto, a entrada era somente até às três e meia da tarde. O que já havíamos perdido. Pergunta daqui, pergunta dali para saber qual o ônibus que nos deixaria na boca estádio e pronto!
Como não sou nem um pouco fã de futebol, pulei a visita ao estádio e me detive ao museu que conta a história do time através de fotos e taças.
O museu desemboca na loja do clube que vende de tudo sobre o vermelhão.
Comprei uma mini taça do time e deixei a visita ao rival do campeão, o Everton, para uma próxima encarnação.
De volta ao Centro e direto para Mathew street.
Mas precisamente no número 10. Ali esta localizado o que transformou a cidade de Liverpool no maior palco da revolução musical dos últimos cem anos.
Foi no Cavern Club que os Beatles começaram a cantar nos anos 60, antes de se tornarem fenômenos mundiais.
Inaugurado em 1957 foi palco de mais de 250 apresentações da banda.
Em 1973 foi fechado e demolido e nos anos 80 foi reconstruído com uma outra estrutura mas utilizando cerca de 15 mil tijolos da construção original.
Hoje, além de ser o maior ponto turístico de Liverpool, completa as três casas do grupo Cavern junto com o Cavern Loung e o Cavern Pub (em frente) e continua sendo o abrigo das bandas iniciantes e o palco de festivais musicais que rolam na cidade.
A ideia era fazer um longo happy hour ali, mas como estava vazio e a cerveja com gosto de final de barril voltamos para a Albert Dock.
Mas antes de umas pints à beira do Mersey. Uma parada mais que especial, o melhor da festa: Tate Liverpool, o museu de arte moderna referência no mundo com matriz em Londres.
Como estava na Europa há mais ou menos três meses, esperava por um grande museu de arte contemporânea para realmente sentir o efeito produtor da arte em mim como leigo.
E o cruzar da porta foi um cair de queixo, principalmente, a exposição temporária com tema "Cores". Na última parte dessa mostra para entrar era preciso pegar um fone de ouvido, coloca-lo e cruzar uma escura cortina preta que nos levaria, sabe lá Deus onde.
Mas antes de umas pints à beira do Mersey. Uma parada mais que especial, o melhor da festa: Tate Liverpool, o museu de arte moderna referência no mundo com matriz em Londres.
Como estava na Europa há mais ou menos três meses, esperava por um grande museu de arte contemporânea para realmente sentir o efeito produtor da arte em mim como leigo.
Jogo de olhar |
Foto de Omar Zapeda |
Outra surpresa. Atrás da cortina havia uma pista de dança. Nos fones de ouvido tocavam músicas que casavam perfeito com as "cores da noite." Dançar foi consequência. Os quase 20 estudantes me acompanharam na coreografia. E da minha forma, da forma deles ou de quaisquer outras formas a arte nos embriagou. Bravo!
Foto de Omar Zapeda |
Pra fechar o dia: Albert Dock recheado com cerveja, pôr do Sol no rio Mersey, bate papo e um sorriso de canto de boca de quem foi surpreendido.
Mapeando
Dublin – Liverpool - Dublin por Ryanair a €14 retorno com taxas incluídas
Aeroporo - Centro - Aeroporto: Airlink 500 (John Lennon airport - City Centre). Opera todos os dia das 6h45m às 23h45 com frequência de 30 minutos. Preço: não me lembro exato, mas foi centavos.
Albert Dock – Grátis
The Beatle Story – Aberto todo os dias das 9h às 19h (reduzido no inverno). Preço Adulto: £15,95
The Merseyside Maritime Museum- Aberto todos os dias das 10h às 17h. Grátis.
Catedral Metropolitana –Grátis
Catedaral de Liverpool –Grátis
Estádio do Liverpool – Entrada museu £6 e o combo museu e estádio £15 (preços cheio).
Se eu soubesse...
Fiquei apenas um dia na cidade. Se eu soubesse da supresa dormiria uma noite ali e assim teria mais tempo para curtir os bares e os restaurantes na Albert Dock, voltaria ao Cavern Club e daria mais uma ou duas espiadas demoradas no Tate.
Para entrar no clima:
Para entrar no clima: