Escolher uma ou duas entre 1246 ilhas para visitar em uma
curta estadia pode ser um trabalho árduo.
Mas como queria ver algo realmente diferente e com toque especial da mãe
de Deus, escolhi a praia de Zlatni Rata. A faixa de areia
banhada, dos dois lados, pelo mar Adriático que é conhecida como a jóia de ouro dos croatas.
Foto: Divulgação Ministério do Turismo Croata |
E agora, José? Pensei. Pois bem, quando fiz meu plano de viagem tudo
parecia muito perto e fácil para se locomover. Nos blogs a dica era checar os
horários dos Ferry Boats ou catamarãs e
tudo estaria resolvido.
Mas na prática foi bem diferente. Os horários dos Ferry
diferem quando é pra pessoas, pessoas e carros e somente carros. O tempo de
viagem também muda. Catamarã somente em alta temporada de verão. A empresa
Jadrolinija domina a operação e encontrei em Split apenas uma segunda opção de
Ferry com uma tabela de horários bem limitados o que foi descartada em
segundos.
Ferry Boat deixando Split em direção a Supetar |
Comprei as passagens no dia da viagem sem problemas. O Porto
em Split fica bem no centro da cidade. Os portões de embarque tem placas de
identificação grandes com por exemplo: Portão 22 A o que não dificulta a
localização. O Ferry é imenso por dentro. Entram os carros pela parte central
do navio e as pessoas pelas escadas laterais. A área interna para passageiros é
espaçosa, com um bar servindo o menu de rodoviária. Pode-se ir ao último andar
e viajar com o ar fresco batendo na cara (opção mais barata) e em pouco meno de
uma hora o vilarejo de Supetar se apresentou.
Vilarejo de Supetar |
No centrinho alguns restaurantes, bares, uma rodoviária pequena, um centro de informações e um monte de casinhas cravadas no meio das
montanhas.
Supetar |
E agora, Jose parte II? Ainda não estava em Zlatni Rata e
para se chegar a Ilha de Brac, que é onde está a maravilha, tomei um ônibus que
desceu uma serra daquelas de dar frio na barriga. O fluxo intenso e a falta de acostamento deixava tudo mais excitante e tenso.
Praia de Bol durante a descida da Serra |
Uma hora
depois e Bol com seu marzão azul de doer a retina estava aos meus pés.
Mais ainda faltava percorrer uma trilha pra se chegar a
Zlatni Rata.
No caminho já se tinha um gostinho do que vinha pela frente.
Meia hora de caminhada e a famosa faixa de areia, ou melhor, de pedrinhas
cercadas pelas águas do mar Adriático com montanhas de pano de fundo, preencheram
meus olhos.
Depois de 3 horas eis a bendita |
As árvores entre pedras dos mais diferentes formatos formam
cabanas naturais exclusivas. O cheiro de verde misturado ao barulho das ondas
comprovavam que eu estava no paraíso.
Mapeando
Qual era o plano? Passar um dia em um paraíso europeu com as
pernas pra cima tomando cerveja.
O plano funcionou? Sim. Mas esse dia foi bem curto e ele se
tornou tenso por conta dos meios de transportes e horários deles que tive
que estar atento. Para se ter uma ideia: Split – Supetar = 1 hora de Ferry. Supetar – Bol = 45 minutos
de ônibus. Bol - Zlatni Rata = 30 minutos pela trilha calçada e sinalizada ou
mais de uma hora pelas pedras até chegar à trilha novamente. Juntando tudo são quase 6 horas de locomoção
o que acaba por proporcionar apenas algumas horas no paraíso.
Vale a pena?
Aquecendo antes de praticar o FKK |
Quem leva – Split é a melhor cidade para se fazer de base pra se locomover entre as
ilhas pela sua localização central. O Porto super bem situado é uma mão na roda.
Pra chegar em Zlatni Rata. Tomei o Ferry Boat para Supetar por aproximadamente
€22 - retorno. De Supetar um ônibus bem simples, mas com ar condicionado, me
deixou na Ilha de Brac por 50 Kunas - retorno.
Atenção redobrada – Cruzar os horários dos Ferry com os
ônibus para montar o plano com hora de chegada e partida é fundamental. Se perder o último
ônibus que é por volta das cinco da tarde, vais dormir numa ilha deserta e
paradisíaca.
Se quiser dormir mesmo - A melhor saída é alugar um “Sobe”,
ou quarto em casa de família, com ar condicionado, TV e banheiro por bagatelas.
No pico do verão as estações de ônibus e de Ferry ficam lotadas com senhoras
segurando plaquinha nas mãos oferecendo o serviço. Melhor se precaver e reservar
antes de ir (croatia.hr).
Onde comer – Na Ilha de Bol, pertinho do ponto de ônibus, à
direita, tem quatro ou cinco restaurantes à beira mar bem simplesinhos mais uma
graça. Comida feita na hora e nada de muito requinte, mas cheia de sabor e com
serviço local digno de Michelin. Pra não perder a linha dos últimos dias Karlovačka antes durante e depois o almoço.
Clube Experiência – A Croácia é famosa por seus campos de
naturismo. São mais de trinta espalhados pelo país. Durante minha pesquisa li todas
as regras de conduta meio que me preparando para a ocasião. E isso ficou esquecido
durante o desenrolar da viagem. No entanto, depois de toda a função pra se
chegar a Zlatni Rata e logo depois de eu me sentar pra apreciar o mar
e relaxar as pernas vejo corpos nus saindo da água gélida. Fiz cara de “esta tudo normal somos adultos e evoluídos” e ri por dentro. Fui dar uma volta pela praia
e lá entre as pedras - que mais parecem chalés privados, outros corpos nus buscando
seus contatos com a mãe natureza.
Sabia que se seguisse as placas em direção a
Plakina encontraria um verdadeiro campo
de naturismo. Mas era mais uma caminhada e então desisti. Pensei
se deveria me juntar aos que ali estavam e liguei o “Dane-se”. Procurei um cantinho dentre as pedras e fiquei como vim a
mundo. Nu e gargalhando por dentro e de mim mesmo. Minutos depois me senti como um dos FKK, sigla que identifica os seguidores e os
locais da cultura do corpo livre ou os naturistas. Estava ali meio sem jeito,
mas rapidinho relaxei e entrei naquele momento “eu e a natureza” debaixo de Sol
banhado por água fresca. Um verdadeiro Adão no Paraíso.