28.8.12

Croácia: um pedaço do paraíso. Parte III - Zlatni Rata

Escolher uma ou duas entre 1246 ilhas para visitar em uma curta estadia pode ser um trabalho árduo.  Mas como queria ver algo realmente diferente e com toque especial da mãe de Deus, escolhi a praia de Zlatni Rata.  A faixa de areia banhada, dos dois lados, pelo mar Adriático que é conhecida como a jóia de ouro dos croatas.
 
Foto: Divulgação Ministério do Turismo Croata
E agora, José? Pensei.  Pois bem, quando fiz meu plano de viagem tudo parecia muito perto e fácil para se locomover. Nos blogs a dica era checar os horários dos Ferry  Boats ou catamarãs e tudo estaria resolvido.

Mas na prática foi bem diferente. Os horários dos Ferry diferem quando é pra pessoas, pessoas e carros e somente carros. O tempo de viagem também muda. Catamarã somente em alta temporada de verão. A empresa Jadrolinija domina a operação e encontrei em Split apenas uma segunda opção de Ferry com uma tabela de horários bem limitados o que foi descartada em segundos.
 
Ferry Boat deixando Split em direção a Supetar
 
Comprei as passagens no dia da viagem sem problemas. O Porto em Split fica bem no centro da cidade. Os portões de embarque tem placas de identificação grandes com por exemplo: Portão 22 A o que não dificulta a localização. O Ferry é imenso por dentro. Entram os carros pela parte central do navio e as pessoas pelas escadas laterais. A área interna para passageiros é espaçosa, com um bar servindo o menu de rodoviária. Pode-se ir ao último andar e viajar com o ar fresco batendo na cara (opção mais barata) e em pouco meno de uma hora o vilarejo de Supetar se apresentou.
 
Vilarejo de Supetar
 
No centrinho alguns restaurantes, bares, uma rodoviária pequena,  um centro de informações e um monte de casinhas cravadas no meio das montanhas.
 
Supetar
 
E agora, Jose parte II? Ainda não estava em Zlatni Rata e para se chegar a Ilha de Brac, que é onde está a maravilha, tomei um ônibus que desceu uma serra daquelas de dar frio na barriga. O fluxo intenso e a falta de acostamento deixava tudo mais excitante e tenso.
 
Praia de Bol durante a descida da Serra
Uma hora depois e Bol com seu marzão azul de doer a retina estava aos meus pés.
 
 
 
 

Mais ainda faltava percorrer uma trilha pra se chegar a Zlatni Rata.
 
 
No caminho já se tinha um gostinho do que vinha pela frente.
 
 
Meia hora de caminhada e a famosa faixa de areia, ou melhor, de pedrinhas cercadas pelas águas do mar Adriático com montanhas de pano de fundo, preencheram meus olhos.
 
Depois de 3 horas eis a bendita
 
As árvores entre pedras dos mais diferentes formatos formam cabanas naturais exclusivas. O cheiro de verde misturado ao barulho das ondas comprovavam que eu estava no paraíso.
 
 

Mapeando
 
Qual era o plano? Passar um dia em um paraíso europeu com as pernas pra cima tomando cerveja.
 
O plano funcionou? Sim. Mas esse dia foi bem curto e ele se tornou tenso por conta dos meios de transportes e horários deles que tive que estar atento. Para se ter uma ideia: Split – Supetar = 1 hora de Ferry. Supetar – Bol = 45 minutos de ônibus. Bol - Zlatni Rata = 30 minutos pela trilha calçada e sinalizada ou mais de uma hora pelas pedras até chegar à trilha novamente.  Juntando tudo são quase 6 horas de locomoção o que acaba por proporcionar  apenas algumas horas no paraíso.
 
Vale a pena?
 
Aquecendo antes de praticar o FKK
 
Quem leva – Split é a melhor cidade para se fazer de base pra se locomover entre as ilhas pela sua localização central. O Porto super bem situado é uma mão na roda. Pra chegar em Zlatni Rata. Tomei o Ferry Boat para Supetar por aproximadamente €22 - retorno. De Supetar um ônibus bem simples, mas com ar condicionado, me deixou na Ilha de Brac por 50 Kunas -  retorno.
 
Atenção redobrada – Cruzar os horários dos Ferry com os ônibus para montar o plano com hora de chegada e partida é fundamental.  Se perder o último ônibus que é por volta das cinco da tarde, vais dormir numa ilha deserta e paradisíaca.
 
Se quiser dormir mesmo - A melhor saída é alugar um “Sobe”, ou quarto em casa de família, com ar condicionado, TV e banheiro por bagatelas. No pico do verão as estações de ônibus e de Ferry ficam lotadas com senhoras segurando plaquinha nas mãos oferecendo o serviço. Melhor se precaver e reservar antes de ir (croatia.hr).
 
Onde comer – Na Ilha de Bol, pertinho do ponto de ônibus, à direita, tem quatro ou cinco restaurantes à beira mar bem simplesinhos mais uma graça. Comida feita na hora e nada de muito requinte, mas cheia de sabor e com serviço local digno de Michelin. Pra não perder a linha dos últimos dias Karlovačka antes durante e depois o almoço.
 
Clube Experiência – A Croácia é famosa por seus campos de naturismo. São mais de trinta espalhados pelo país. Durante minha pesquisa li todas as regras de conduta meio que me preparando para a ocasião. E isso ficou esquecido durante o desenrolar da viagem. No entanto, depois de toda a função pra se chegar a Zlatni Rata e logo depois de eu me sentar pra apreciar o mar e relaxar as pernas vejo corpos nus saindo da água gélida. Fiz cara de “esta tudo normal somos adultos e evoluídos”  e ri por dentro. Fui dar uma volta pela praia e lá entre as pedras - que mais parecem chalés privados, outros corpos nus buscando seus contatos com a mãe natureza.

Sabia que se seguisse as placas em direção a Plakina encontraria um verdadeiro  campo de naturismo. Mas era mais uma caminhada e  então desisti.   Pensei se deveria me juntar aos que ali estavam e  liguei o “Dane-se”. Procurei um cantinho dentre as pedras e fiquei como vim a mundo. Nu e gargalhando por dentro e de mim  mesmo. Minutos depois me senti como um dos FKK, sigla que identifica os seguidores e os locais da cultura do corpo livre ou os naturistas. Estava ali meio sem jeito, mas rapidinho relaxei e entrei naquele momento “eu e a natureza” debaixo de Sol banhado por água fresca. Um verdadeiro Adão no Paraíso.

21.8.12

Croácia: um pedaço do paraíso. Parte II - Split

No ano de 305 o poderoso imperador romano Diocleciano, prevendo sua aposentadoria, mandou construir um palácio onde seria seu cantinho para passar os dias que lhe restassem.  Nada bobo ele escolheu um lugar pra lá de privilegiado, cercado por belas montanhas e ilhas paradisíacas a passos de distância. Foi então que Split surgiu no mapa.

O palácio caiu em desuso anos depois e hoje renovado é a grande atração na maior cidade da Dalmácia.
Interior do Palácio



A viagem memorável por dentro dele começa em um dos quatros portões que guardavam as entradas principais: Ouro, Prata, Ferro e Bronze. A linda Catedral Sveti Duje e o cruzamento do pátio Peristil se misturam a lojas de grifes e de bijuterias, escritórios, restaurantes, mercado de peixes, artistas de rua e muitos bares que dão ao local uma nova cor e muito estilo.


A Obala hrvatskog narodnog preporoda (isso tudo é o nome da avenida) ou Riva pros íntimos, ou ainda o calçadão da beira-mar, com suas palmeiras gigantes e dezenas de bares coladinhos um ao outro e todos com sofás de ratã a céu aberto é ponto de encontro na cidade.

Calçadão da Riva

Sem dúvida, o lugar ideal para tomar um café à italiana, saborear um sorvete de casquinha, ver as embarcações marítimas atracando no porto ou, simplesmente, ver a vida passar.



O Marjan, uma colina transformada em parque, fica há dez minutos e algumas escadas da Riva, de onde, do alto, se tem uma daquelas vistas que permanecerá no cartão de memória de qualquer um. 

Vista do alto do Marjan

Bacvice, a leste da estação de ônibus, uma prainha simples mais gostosa é outro ponto de encontro entre os locais.

Nos muitos bares ao redor, a Karlovačka, a cerveja mais famosa do país, domina as mesas.



Mapeando

Qual era o plano?  O plano era deixar Zadar bem cedinho pra chegar o quanto antes em Split para aproveitar uma praia. No entanto, como tomei umas a mais como já contei no post anterior, pegamos o ônibus da dez da manhã que faria o percurso em três horas (o menos pinga pinga de todos) e com parada para almoço no vilarejo de pescadores de Trogir o que daria pra dar uma volta no centrinho. Como Split fica no meio da Dalmácia fiz dela a base para ir a outras ilhas. Nada de museu, somente praia, natureza, cerveja e comida mediterrânea fusion.

O plano funcionou? Sim e não. A viagem de ônibus é desgastante, mesmo com uma paisagem de cair o queixo ao longo do caminho. Mas chega uma hora que cansa de paisagem e de ônibus. Quem consegue dormir, ótimo. Eu não prego o olho.  A praia é bem ao estilo mediterrâneo: nada de areia, um monte de pedrinhas, água infinitamente azul e extremamente gelada. A cidade é bem pequena e fácil de matar em um dia (preferi não visitar museus e etc...só praia) e ideal pra relaxar. O que não rolou foi a perda de tempo em transito e locomoção de um lado a outro. Sem esquecer os horários dos Ferry Boat e Catamarãs pra ir às ilhas que muda o plano do plano.  No mapa parece tudo muito perto mais é tudo  longe e nunca é fácil de chegar como parece. Mas isso conto isso na parte três dessa série.

Se eu soubesse – Não compraria passagem de ida e volta do mesmo lugar como fiz.  Paguei €40 retorno por Ryanair de Dublin a Zadar. Foi o barato que saiu caro. Já que perdi em locomoção umas 18 horas. Desse modo, desembarcaria em Zadar e embarcaria em Split ou Dubrovnik como era o plano original. Com a realidade na cara, desisti de ir a Dubrovnik para não ter que passar mais oito horas dentro de um ônibus (essa era a opção mais acessível em todos os sentidos, pois chequei tudo).

Quem leva - Não existem voos diretos do Brasil, as conexões acontecerão em países como Inglaterra, Portugal, Alemanha, França ou Holanda. De qualquer um desses lugares empresa low cost voam para a Croácia.
De Zadar para Split pequei um ônibus intermunicipal a 100 kunas.  Nada de luxo, mas com ar condicionado e várias paradas durante o caminho pra esticar as pernas, comprar mais água e reclamar que ainda não chegou. Os preços variam de acordo com a companhia, o horário (praticamente a cada hora ou hora e meia) e a quantidade de paradas. O trajeto mais curto leva em torno de 3 horas.  Tenha moedas (uma ou duas kunas, não me lembro ao certo) em mãos pra pagar a mala que deve ser despachada no bagageiro. A passagem pode ser comprada na hora nos quiches e não tem lugar marcado: chegou pegou janela! Ah! e ônibus lota!

Saindo e voltando da Rodoviária - A rodoviária de Split fica bem no Centro, assim como, o porto pra quem chegar ou sair de Ferry. Deu pra ir caminhando até o hotel e não gastei dez minutos.

Onde festar – Dentro do Palácio existem dezenas de bares que surgem de ruelas com mesas a céu aberto e gente por todos os lados. Ali é parada certa para desde o café da tarde, passando pelo happy hour, colando com o esquenta e sendo mandando embora pelo pessoal da limpeza. A sensação é das melhores já que petiscar azeitonas locais tomando Karlovačka e tendo como cenário um ex-palácio do ano de 305 e ainda escutando divagações e confissões em croata na mesa ao lado (a língua dos sinais diz muito) é daquelas experiências que não tem cadeira na faculdade. Eu fui ao Ghetto Club (Dosud, 10) que atrai os modernetes tanto no início com no fim de noite, também fiz uma parada nas escadas do Puls (Buvinina,  1) e também Fluid (Dosud, 1)  e em outros tantos que nem nome tinha e se tinha eu não vi. 


Das ruelas do Palácio pode surgir de um tudo
Onde comer – Split segue a mesma linha de Zadar no quesito pizza boa e barata espalhado pela cidade toda. Por um ou dois euro uma fatia tamanho gigante e bem recheada faz o trabalho.  Jantamos todas as noites em algum restaurante bacana do Centro tanto na Riva como dentro do Palácio e a conta não passava, já convertendo, de 20 a 25 euros com bebidas. Não fui aos restaurante com vista pro mar em Bacvice porque eu não como peixes.  A cozinha é mediterrânea fusion com italiana e muito frutos do mar. A cartela de vinhos locais é extensa e a Karlovačka lota as mesas.

Onde ficar – Em qualquer lugar a passos do Palácio será super bem localizado. Fiquei no Marmont Room, um andar de um prédio transformado em hospedaria de luxo. Que é um verdadeiro luxo com uma ótima relação custo benefício e com ares de lar doce lar. Fotos e infos aqui!

Clube Experiência - Enquanto Zadar tem cara de cidade universitária com um por do sol a ser apreciado com cerveja barata no Órgão Marítimo, Split, mas parece um lugar pra ver e ser visto. Os italianos que lotam a cidade levam isso ao pé da letra e desfilam suas grifes no calçadão da Riva. Como não estava muito a fim de ver desfile de moda corri pros bares da prainha de Bacvice bem pertinho do Centro com um estilo bem mais descontraído. O local é superfamília e reunião de amigo. Morando na Irlanda há um tempão me acostumei a viver sem Sol e quando cheguei nessa prainha a combinação: pé no chão, cerveja, petisco, bate papo, nada pra fazer e Sol foi demais.

Outras informações aqui

14.8.12

Croácia: um pedaço do paraíso. Parte I - Zadar

A Croácia continua sendo um tesouro a ser descoberto. Nem mesmo a invasão turística dos últimos anos, que tem mudado a cara e os preços do país que usou do privilégio de ter o mar Adriático no quintal, prejudicou cantinhos perfeitos para quem busca sombra e água fresca.

Antiga província romana e nação independente depois da sangrenta guerra da Bósnia, conflito entre sérvios, croatas e muçulmanos que dizimou mais de 200 mil pessoas e terminou em 1995; cheia de graça continua uma ninfeta e point no verão europeu.

Mas também pudera, com mais de 1200 ilhas no cardápio fica fácil virar queridinha. E se escolher entre duas já é difícil quanto mais entre 1246. Mas todos os caminhos levam a belíssima Dalmácia, a região litorânea, com 375 km de águas de um azul singular e turisticamente equipada.

Abro meu mapa croata e te conto meus cinco dias pulando de barco em barco e de ônibus em ônibus nesse pedaço de paraíso.

Zadar – Saudação ao Sol

A charmosa Zadar, uma cidadezinha com mais de 3000 mil anos de história, localizada no Norte da Costa, é um dos portões de entrada para a região da Dalmácia.



Cheguei ao Centro Velho, uma península cercada por muralhas venezianas fácil de ser percorrido a pé, com um roteiro de um dia a ser cumprido.

Clube dos Mapas

Comecei pela praça principal Zeleni trg onde crianças brincavam no que restou das muralhas de um antigo fórum romano e os adultos colocavam a conversa em dia nos bares ao redor tomando o Maraschino, um licor local com receita secreta com mais de cinco séculos ou a cerveja mais famosa do país a Karlovačka.

Clube dos Mapas
Praça Zeleni com a Igreja de São Donato

No centro da praça a igreja bizantina São Donato atrai a atenção por suas formas cilíndricas e pela vista panorâmica que oferece do campanário (10 kunas).
Clube dos Mapas

Clube dos Mapas

Avendia Kalegarga vista do campanário

A Igreja e o Monastério de Santa Maria também estão por ali e fazem vizinhança com o Museu arqueológico .

Clube dos Mapas
Igreja e Monastério de Santa Maria com as ruínas de um antigo Fórum Romano
A Kalegarga, a mais agitada avenida do Centro, oferece um leque completo: de artes, passando por compras e acabando por ser fisgado a entrar em uma das ruelas de pedras brilhosas e cair de boca numa gigante fatia de pizza recém saída do forno.

Por estar colada a costa Almafitana na Itália, a Dalmácia, traz na sua culinária fortes influências daquele país. Por todo o Centro o cheiro de pizza ou calzone saindo do forno a preço de trocados é de matar.

Pra começar os trabalhos gastronômicos – engorda leão: suco de frutas locais com calzone de queijo e uma espécie de presunto parma local dessalgado.

Para aliviar o peso da boquinha uma volta pela zona da universidade que é cercada de cafés, bares e restaurantes. E depois, atravessar o Portão da Terra para tirar algumas fotos na Praça das Cincos Rodas e no Parque Vladimira.

Praça das Cinco Rodas

Costeando o mar fui até a Marina e depois  cruzei a ponte rumo ao continente e uma região mais residencial se apresentou. Uma entrada no supermercado pra ver o que tinha de bom e com a sacola cheia de biscoitos e queijos fui ver o grande show do dia.

Porque é no calçadão à beira-mar que Zadar oferece seu melhor: o pôr do sol.



O fim de tarde na cidade é momento de celebração, tanto, que em 2005, o arquiteto Nikola Basic, produziu o monumento artístico chamado Saudação ao Sol, na qual 300 placas solares absorvem a energia do astro durante o dia e as transformam numa linda dança de cores à noite.

Monumento Saudação ao Sol recebendo su fonte de energia
Monumento Saudação ao Sol

Monumento Saudação ao Sol à noite
Se quiser dançar o Órgão Marítimo, do mesmo artista, bem ali do ladinho, emite sons produzidos pelos movimentos das ondas que entram nos tubos construídos nos degraus à beira-mar.

Orgão Marítimo


Mapeando

Quem leva – voei de Ryanair de Dublin a €40 retorno. A companhia não opera mais esta rota desde o início do ano. De Londres várias empresas low cost te levam até o mar Adriático.
Não existem voos diretos do Brasil, as conexões acontecerão em países como Inglaterra, Portugal, Alemanha, França ou Holanda. De qualquer um desses lugares empresa low cost voam para a Croácia.


Saindo e voltando do e para o aeroporto - Pra sair do pequeno aeroporto de Zadar, distante do Centro uns 20 minutos, você pode tomar um ônibus por 25 kunas cada trajeto até o antigo terminal velho que fica no centro, mais distante do “centrão” uns 15 minutos caminhando. Pode ainda pegar um taxi, que foi minha opção na volta por aproximadamente 20 euros (o que vale a pena se você não for viajante individual) ou ainda de transfer oferecido por muitos hotéis (minha opção na ida que agendei por e-mail sem custo adicional).


Moeda - A moeda local é a Kuna que equivale a mais ou menos treze centavos de euro. A cotação na cidade foi melhor que em Dublin, vale checar antes. A partir de 01 de julho de 2013  (só acredtio vendo) o euro entra em vigor como medida da adesão do país a Comunidade Européia.


Idioma – O croata é a língua local. Tão difícil de pronunciar quanto qualquer outra língua dos países mais ao Leste no Continente. O inglês é bem falado nos pontos mais movimentados e a maioria dos restaurantes têm menu bilíngue e nos bares os jovens todos se viram.


Onde festar – Tinha apenas uma única noite em Zadar, portanto, a ideia era aproveitar o máximo. Depois de curtir a dança das cores no monumento Saudação ao Sol e jantar numa magnífica cantina que conto já já, percorri a região entre as ruas Stomorica e Blaza Jurjeva - zona de bares e restaurantes ao redor da universidade - e tudo pareceu meio morto. Era uma quarta feira, dei um desconto.

Sem muitas esperanças resolvi voltar pro hotel. Subindo a ruela de pedra vi portas grafitadas durante o dia se transformaram em bares bacanas à noite. E ali o negócio parecia melhor.
Entrei em um que dava de frente pro hotel. O som alto dificultou a comunicação com o barman e então só apontei pro cartaz da Karlovačka.

Munido, engatei um papo com um casal de jovens que pareciam melhores amigos e que responderam envergonhados a minha pergunta de que não havia muita coisa rolando na cidade naquela noite. 
Como estávamos sentados em bancos de madeira (desses parecido com os de praça) no lado de fora do bar que tinha como piso lajotas de mármore brilhosa que refletiam a luz da lua, pedi mais uma rodada. Papo embalado, algumas aulas de palavrões em croatas, explicações que Porto Alegre não tem nada a ver com o Rio de Janeiro e o garçom apareceu oferecendo a saideira e cortando o nosso barato. Não recusamos e brindamos a promessa de reencontro.


Clube Experiência - Como de costume fiz um monte de pesquisa sobre o país e sabia que a comida Dálmata tinha influência mediterrânea. Como não sou fã de nenhum fruto do mar, sabia também que passaria um pouco de trabalho. Estava viajando com um amigo polonês que come até pedra. Na rua de trás do hotel havia vários restaurantes bacanas e estávamos procurando um com cara de local.
Até que um som se sobressaiu mesmo tendo ao lado um bar de karaokê. Voltamos dois passos para conferir e era uma cantina com a porta entre aberta. O dono estava no caixa e quando nos viu tirou o cigarro da boca e respondendo minha pergunta disse que estava aberto sim, no entanto, estavam tendo festa. Se não nos importássemos com o barulho poderíamos entrar.  Meu amigo faminto retrucou um "tô com fome" e eu mais que ligeiro entrei pra  ver que festa era essa.
O dono chamou o garçom que nos explicou o cardápio e logo pedimos três pratos que seria pra dividirmos e fazer um prova- prova: massa à carbonara com um bacon defumado como nos tempo Diocleciano, uma pizza recheada com queijo Pag (feito com leite de ovelhas que recebem uma dieta balanceada por toda a vida à base de ervas mediterrânea para apurar o sabor da iguaria...é mole?), o famoso presunto tipo parma dessalgado (não encontro o nome em nenhuma das minhas anotações, desculpe) e azeitonas (o país é colorido por oliveiras) e mais uma risoto de frango à Maraschino. 
Pra beber, um vinho local das videiras da ilha de Vis, sugestão do dono que foi quem trouxe a bebida. Sem pestanejar perguntei a ele qual era a ocasião da festa. Com sorriso no rosto ele disse que era aniversário de 30 anos de casamento do melhor amigo dele.  Emendei outra pergunta sobre que tipo de música era aquela. Antes de responder ele acendeu um cigarro e aí soltou: isso é nossa música, música daqui. Essa música daqui que ele comentou era cantada em Dálmata, língua que os jovens só sabem que existem pelos livros.
 E todos ali na casa dos 50 pra cima cantavam aquelas canções com olhos fechados e copo de vinho na mão. Uma mulher, em especial, com mais ou menos uns 45 anos, vestida de preto com azul e com cabelo na altura do queixo; intercalava na mão direita ora o cigarro ora a taça de vinho. E como num estado de levitação ela cantava com altura suficiente pra alma ouvir. Aquelas canções com sotaque italiano e com batidas de música sertaneja beeeem romântica preenchia o coração do casal aniversariante, dos amigos e o meu.
A cozinha encerrou os trabalhos, o dono encostou de vez a porta de entrada e com cigarro na boca nos trouxe mais uma jarra de vinho. E ficamos ali como se fossemos parte do grupo, unidos pela emoção que a música pode proporcionar.
A única foto da cantina que eu não anotei o nome

6.8.12

A tempestade chamanda Madonna em Dublin

Madonna, no auge dos seus quase 54 anos vai circular o mundo com sua nova turnê MDNA. Acredito que essa seja a última oportunidade de ver a deusa do Pop em carne e osso rodando palcos afora.  Por isso, garanti meu ingresso logo que soube que a ex-namorada do modelo brasileiro Jesus, daria suas caras em Dublin.

Desde o início da turnê pela Europa, em maio, a mídia local daqui não cansou de dar notas do fracasso de vendas dos ingressos da única apresentação na Irlanda.
Comprovando ainda a baixa popularidade da cantora, nas rodas de conversa o povo torcia a cara quando perguntado se iria vê-la no dia 24 de julho.
C´mon! É Madonna
E eu não perderia por nada.

O ingresso de pista me custou €91 e achei pouco pra escutar ali, ao vivo, sucessos clássicos oitentistas como “Like a Prayer”, “Vogue”  ,“La Isla Bonita”, “Like a Virgin”, “Express Yourself” entre outros tantos.
E essa nostalgia, na verdade, era culpa da descarga – mediática - massiva – compulsiva que me foi impreguinado ao longo da minha adolescência. Não nego, mas eu divago!
Afinal era Madonna!

E a turnê pela Europa tem dado o que falar. Tira um peito pra fora aqui, faz uma declaração comprometedora ali, mostra imagens chamadas de desrespeitosas acolá. Madonna: sempre querendo chocar.
Dia 24 chegou e a chuva que já vinha mostrando sua cara não deu trégua nem pra uma mãe de quatro filhos. Água, muito água ao longo do dia. Motivado pela novela “Avenida Brasil” coloquei um ovo pra Santa Clara pra ver se, por duas horas que fosse, parava de chover. A santa pareceu não estar nem aí pra  essa Madonna e dá-lhe água.
Sem guarda chuva e com uma capa que mau se aguentava adentramos no Estádio Aviva. Faltavam 35 minutos pro início do show e o espaço  ainda estava bem tímido.

Madonna em Dublin


Cadê todo mundo? Pensei.
Pô,  é Madonna!
De baixo de um temporal os sinos tocaram e ela veio, baixinha, magrinha, cabelo bem feito com um topete no centro e cercada de bailarinos.



As palmas estavam prejudicadas pelo dilúvio. Mas a primeira parte do show nem mereceu tantas. Com imagens religiosas nos telões e uma brincadeira de mata-mata, Madonna tenta provocar e chocar usando elementos sacros e muitas armas. "O sangue de "Bang Bang" silencia. Num palco cheio de sobe e desce ela parecia meio fora de ritmo. Talvez muita coreografia marcada para acompanhar e ainda mais naquela chuva.

Mas era Madonna...mas estava chovendo.

Mais leve e colorida a segunda parte começa e “Express Yourself” coloca todo mundo pra dançar.
Aliás “Born this way” da Lady Gaga coloca todo mundo pra dançar.  Sim, Madonna fez uma mash up dos dois sons e o resultado ficou dançante.
Em entrevista ao Zeca Camargo ela falou que ficou feliz em inspirar Lady Gaga com "Express Yourself". 


Brilhante  foi o momento em que os bailarinhos entram suspenso no teto como " soldados de chumbo" enquanto Madonna cantava "Gimme all your luvin" . A grandeza do palco e teatralidade da cena foi muito Madonna e eu não tirei foto de tão boquiaberto.
Várias canções do disco MDNA como "Girl Gona Wild" (a mais legal do novo álbum) e chuva, muita chuva e claro muita irritação, inclusive da Madonna, com toda aquela água.



Mas uma das inúmeras mudanças de roupa e um desfile ao som de “Vogue” começa, outro ponto alto do show. Muito cenográfico, extremamente rico em figurino e coreografia. E aí sim: era Madonna outra vez.


Mais chuva e mais músicas do disco novo (com toda razão já que era turnê de divulgação de um novo trabalho). No entanto, aquelas que eu tanto esperei pra escutar tocaram em forma de pout pourri no telão, enquanto ela trocava de roupa e secava o cabelo. Clipes da Madonna que todo mundo via na antiga MTV foi o que teve pro momento, enquanto no palco, dançarinos se multiplicavam entre andar em corda bamba e malabarismos.


A hora estava passando e nada de muito especial.
Madonna não tem voz pra cantar em estádio aberto com capacidade para 50 mil pessoas.
Madonna até tem energia pra ocupar um palco, mas não grande como o da turnê.
Madonna não choca mais com imagens da igreja católica. Além disso,  se for definer o MDNA diria que é um show de imagens de telão. Bonito, diga-se de passagem.
Madonna mostrou a bunda e os irlandeses nem se mexeram, aliás, acharam apelação pura. E foi! Madonna apelou por duas horas tentando mostrar o que ela criou ao longo de doze álbuns.



Não posso negar o poder de transformação provocado por ela no que diz respeito a assuntos como igualdade e liberdade, sempre em voga em seus discursos. No entanto, parece que passou seu tempo e seus discursos.
O “Like a Prayer” do fechamento com toda a trupe em forma de coral foi legal. Mesmo tímidos e molhados os irlandeses entraram na onda. Cantei bem alto, entretanto, não teve aquele clima de baladinha de garagem fazendo passinhos ensaiados. Mas era Madonna, pensei!



Mas não via a hora de chegar em casa, me secar e me agarrar nas memórias - mediática- massiva - compulsiva que foi me impreguinado ao longo da minha adolescência, porque ali assim era Madonna e essa Madonna  que libertou uma geração só existe no meu imaginário.

Minhã irmã e eu, os dois fãs de Madonna.


Mapeando
Madonna segue sua turnê pela Europa até o dia 21 na cidade de Nice, na França. Dia 28 começa uma série de show na América do Norte e em dezembro ela desembraca no Brasil para shows no Rio, São Paulo e Porto Alegre. Mais info aqui .