6.8.12

A tempestade chamanda Madonna em Dublin

Madonna, no auge dos seus quase 54 anos vai circular o mundo com sua nova turnê MDNA. Acredito que essa seja a última oportunidade de ver a deusa do Pop em carne e osso rodando palcos afora.  Por isso, garanti meu ingresso logo que soube que a ex-namorada do modelo brasileiro Jesus, daria suas caras em Dublin.

Desde o início da turnê pela Europa, em maio, a mídia local daqui não cansou de dar notas do fracasso de vendas dos ingressos da única apresentação na Irlanda.
Comprovando ainda a baixa popularidade da cantora, nas rodas de conversa o povo torcia a cara quando perguntado se iria vê-la no dia 24 de julho.
C´mon! É Madonna
E eu não perderia por nada.

O ingresso de pista me custou €91 e achei pouco pra escutar ali, ao vivo, sucessos clássicos oitentistas como “Like a Prayer”, “Vogue”  ,“La Isla Bonita”, “Like a Virgin”, “Express Yourself” entre outros tantos.
E essa nostalgia, na verdade, era culpa da descarga – mediática - massiva – compulsiva que me foi impreguinado ao longo da minha adolescência. Não nego, mas eu divago!
Afinal era Madonna!

E a turnê pela Europa tem dado o que falar. Tira um peito pra fora aqui, faz uma declaração comprometedora ali, mostra imagens chamadas de desrespeitosas acolá. Madonna: sempre querendo chocar.
Dia 24 chegou e a chuva que já vinha mostrando sua cara não deu trégua nem pra uma mãe de quatro filhos. Água, muito água ao longo do dia. Motivado pela novela “Avenida Brasil” coloquei um ovo pra Santa Clara pra ver se, por duas horas que fosse, parava de chover. A santa pareceu não estar nem aí pra  essa Madonna e dá-lhe água.
Sem guarda chuva e com uma capa que mau se aguentava adentramos no Estádio Aviva. Faltavam 35 minutos pro início do show e o espaço  ainda estava bem tímido.

Madonna em Dublin


Cadê todo mundo? Pensei.
Pô,  é Madonna!
De baixo de um temporal os sinos tocaram e ela veio, baixinha, magrinha, cabelo bem feito com um topete no centro e cercada de bailarinos.



As palmas estavam prejudicadas pelo dilúvio. Mas a primeira parte do show nem mereceu tantas. Com imagens religiosas nos telões e uma brincadeira de mata-mata, Madonna tenta provocar e chocar usando elementos sacros e muitas armas. "O sangue de "Bang Bang" silencia. Num palco cheio de sobe e desce ela parecia meio fora de ritmo. Talvez muita coreografia marcada para acompanhar e ainda mais naquela chuva.

Mas era Madonna...mas estava chovendo.

Mais leve e colorida a segunda parte começa e “Express Yourself” coloca todo mundo pra dançar.
Aliás “Born this way” da Lady Gaga coloca todo mundo pra dançar.  Sim, Madonna fez uma mash up dos dois sons e o resultado ficou dançante.
Em entrevista ao Zeca Camargo ela falou que ficou feliz em inspirar Lady Gaga com "Express Yourself". 


Brilhante  foi o momento em que os bailarinhos entram suspenso no teto como " soldados de chumbo" enquanto Madonna cantava "Gimme all your luvin" . A grandeza do palco e teatralidade da cena foi muito Madonna e eu não tirei foto de tão boquiaberto.
Várias canções do disco MDNA como "Girl Gona Wild" (a mais legal do novo álbum) e chuva, muita chuva e claro muita irritação, inclusive da Madonna, com toda aquela água.



Mas uma das inúmeras mudanças de roupa e um desfile ao som de “Vogue” começa, outro ponto alto do show. Muito cenográfico, extremamente rico em figurino e coreografia. E aí sim: era Madonna outra vez.


Mais chuva e mais músicas do disco novo (com toda razão já que era turnê de divulgação de um novo trabalho). No entanto, aquelas que eu tanto esperei pra escutar tocaram em forma de pout pourri no telão, enquanto ela trocava de roupa e secava o cabelo. Clipes da Madonna que todo mundo via na antiga MTV foi o que teve pro momento, enquanto no palco, dançarinos se multiplicavam entre andar em corda bamba e malabarismos.


A hora estava passando e nada de muito especial.
Madonna não tem voz pra cantar em estádio aberto com capacidade para 50 mil pessoas.
Madonna até tem energia pra ocupar um palco, mas não grande como o da turnê.
Madonna não choca mais com imagens da igreja católica. Além disso,  se for definer o MDNA diria que é um show de imagens de telão. Bonito, diga-se de passagem.
Madonna mostrou a bunda e os irlandeses nem se mexeram, aliás, acharam apelação pura. E foi! Madonna apelou por duas horas tentando mostrar o que ela criou ao longo de doze álbuns.



Não posso negar o poder de transformação provocado por ela no que diz respeito a assuntos como igualdade e liberdade, sempre em voga em seus discursos. No entanto, parece que passou seu tempo e seus discursos.
O “Like a Prayer” do fechamento com toda a trupe em forma de coral foi legal. Mesmo tímidos e molhados os irlandeses entraram na onda. Cantei bem alto, entretanto, não teve aquele clima de baladinha de garagem fazendo passinhos ensaiados. Mas era Madonna, pensei!



Mas não via a hora de chegar em casa, me secar e me agarrar nas memórias - mediática- massiva - compulsiva que foi me impreguinado ao longo da minha adolescência, porque ali assim era Madonna e essa Madonna  que libertou uma geração só existe no meu imaginário.

Minhã irmã e eu, os dois fãs de Madonna.


Mapeando
Madonna segue sua turnê pela Europa até o dia 21 na cidade de Nice, na França. Dia 28 começa uma série de show na América do Norte e em dezembro ela desembraca no Brasil para shows no Rio, São Paulo e Porto Alegre. Mais info aqui .

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