29.11.12

Lx Market e Ler Devagar dois grandes programas em Lisboa

Caixotes de vinho que viram quadros carregados de estilos, taças transformadas em abajur de velas, relicários feitos de materiais antigos, licores afrodisíacos e muito mais que um mercado de rua pode oferecer tem no Lx Market.


Prestes a completar um ano de vida, o caçula de Lisboa, faça chuva ou faça Sol coloca na rua principal da Lx Factory a criatividade portuguesa.
 


 
Com o slogan “segunda mão de primeira” já virou mania nos domingos. 
 
 
As sessões de roupas usadas também atraem as atenções. No entanto, as usadas que ganharam uma nova roupagem e se tornaram peças únicas são as coqueluches.


O Lx tem criado força como zona de testes para produtores e criadores que tem algo a mostrar pro mundo. O Licor do Amor nasceu ali e já virou sucesso.



Super bem frequentado, atrai tanto quem quer vasculhar os baús, como também, o público que procura um bom brunch nos cafés atrelados à fábrica.  
 
Também rola uns shows ao vivo pra animar ainda mais.
O jeito é parar de banca em banca, futricar, negociar preço, ouvir as histórias, encher as sacolas e criar as suas próprias histórias.



 

Mapeando

Onde – Lx Factory na Rua Rodrigues Faria em Alcântara.

Como ir – Trem urbano (Comboio) 18E e 15E desde Praça do Comércio. Descer na parada Calvário. E os ônibus: 56, 60 714, 720, 727, 732, 738 e 751 também na descer na parada Calvário. De lá uma caminhada de 2 minutos.

Horários - Domingos das 11h às 18h.

E se chover? O mercado acontece mesmo assim, só que dentro de um dos pavilhões da fábrica.

Clube Experiência – Lembra daquela música que a Marisa Monte canta: “E no meio de tanta gente eu encontrei você...” ?Pois não é que atrás de uma porta bem pequenina eu encontrei, não meu amor, pelo menos ainda; mas uma outra paixão. Abriu-se um mundo encantado: o dos livros e que atende pelo nome de Ler Devagar.
 


Imagina um lugar legal? Dobra e terás um pouco do que é esse espaço fantástico que mescla livraria, café, galeria, teatro, uma espécie de sebo( já que tem livros antigos que não se encontram em livrarias tradicionais)e muito espaço pra ler beeeeem devagarzinho com sol que entra pelas janelas fazendo o nariz coçar sempre que o café encosta no céu da boca.
 

O sobe e desce de gente, as crianças folheando livros, pais sentados nos bancos contando estórias pros filhos, senhores lendo o jornal do dia acompanhado do seu cigarro e gente que gosta do cheiro de livro velho e novo é o cenário.
 
 
Se for sua praia vale a visita longa e demorada.
 

Ah! Gostaria muito que as bibliotecas tivessem essa mesma dinâmica livre de pega livro, senta , toma café, conversa, discute, pega outro livro, descobre um outro  e quando se vê já é hora de ir embora com o coração carregado de emoções.
 
 
Mapeando
Onde fica - Rua Rodrigues de farias, 103. G 3 na rua da Lx Market.
Horários – Terças a quinta das 12h às 24. Sextas e sábados das 12h às 2h. Domingos das 12h às 22h.
 
Clube Vale a pena - Ali  também na Lx facotry está instalado o Espaço Brasil, o cantinho erguido em homenagem ao Ano do Brasil em Portugal. Com uma área de 1200m² abriga uma sala de espetáculos, uma galeria e dois bares. Na programação menos samba e mais cultura contemporânea brasileira até dia 6 de junho. Para conferir a programação completa aqui.
 

Desenhos de Darlon
Fotos: Paulo Rogério de Souza

9.11.12

O teatro aberto da Rua Augusta

Toda cidade que se preze tem uma boa rua onde a liberdade de expressão é característica do povo que ali vive.
 
Em Lisboa, a Rua da Augusta, com seus 550 metros de comprimento, é um teatro a céu aberto e faz ri até os corações mais ranzinzas.
 
Depois de fechada ao tráfego no final dos anos 80, a rua de pedras típica portuguesa virou o calçadão mais famoso e movimentado da cidade.
 
Por ali, milhares de locais e turistas circulam diariamente comprovando o poder da região denominada Baixa de Lisboa.
 
Do Arco Triunfal, na Praça do Comércio (conhecido como o grande portão de entrada lisboeta) e começo da Augusta, até o seu final na Praça do Rossio; impossível não cruzar com os artistas de rua fazendo a mais singela e pura... arte.
A fusão de lojas de grifes com comércios centenários como a Casa Macário e restaurantes com serviço de mesa na rua e muita gente faz da Augusta uma atração por si só.
 Uma vez em Lisboa impossível não passar por ali e se perder com o menu do dia.

Mapeando
 
 Rua Augusta não tem como errar. Todo mundo sabe onde fica.
 

Fotos: Paulo Rogério de Souza

6.11.12

O charme da Confeitaria Nacional

Com o frio  que vem  mudando a configuração do rio Tejo nada melhor do que descobrir  as muitas pastelarias (pastelaria aqui, diferente do Brasil, não é uma casa de venda de pastéis e sim algo semelhante a nossa padaria) espalhadas por todos os lados de Lisboa.
 
Fachada da Nacional com o Castelo de São Jorge de fundinho
 
Para abrir a temporada com chave de ouro decidi começar pelo “início” e a pedida, então, não poderia ser outra se não a Confeitaria Nacional, fundada em 1829, pelo confeiteiro Baltazar Rodrigues Castanheiro e uma das mais famosas da cidade.
 
O interior imperialista abarrotado de gente
A fama vem de muito longe: pelos  tracionais  gabinetes no andar superior  onde se reuniam a nata lisboesta, a indicação como fornecedora oficial da Casa Real, o vanguardismo de ser um dos primeiros estabelecimentos a ter iluminação a gás e telefone (o aparelho ainda esta no local) e, claro, ter a melhor oferta de quitutes de comer chorando como os bolinhos de amêndoa, de ovos  e os sortidos.


Como adoro os scones à escoceses decidi provar o português. E pra não fugir à regra de outros broas e pães,  a receita daqui leva farinha de milho na composição o que deixa parecido com bolo de fubá.E pra acompanhar uma "meia de leite de café de máquina".
 
 
O conceituado Bolo Rei português nasceu ali. Na mala vindo de Paris,  Baltazar Junior, sucessor do pai; trouxe a receita que virou clássica para ser degustada entre o Natal e o dia dos Reis.
 
No cartaz diz que o Bolo Rei já esta a venda
Hoje, como mais de 180 anos, continua na mão da mesma  família e mantém inalterada a tradição de casa de chá que ainda servem scones em plena atmosfera real.
 



Mapeando
Onde – Praça da Figueira  18B, na esquina da Rua Correeiros. Pertinho da Praça do Rossio.
 
Horários – Todos os dias, das 8h às 20h.
 
Média de preços – scone e xícara de café com leite por €2,75. As especialidades da casa têm preços individuais e diferenciados.
 
Clube Experiência - Como tudo que é famoso e no Centro está sempre lotado de turistas (e quando digo lotado é bem lotado, incluindo os dois andares) as mesas têm rotação muita rápida, já que turista esta sempre com o roteiro cheio e a ideia é provar um doce de ovos e seguir pro próximo ponto. Melhor pra quem quiser sentar-se numa mesa a beira da janela e ver a vida passar pelo lado de fora enquanto toma seu café e lê o Público. Para isso, escolha seu lugar no andar superior bem lá no fundo e saia  antes que os turistas acordem e invadam o lugar pra tomar café da manhã.
 
 
 
Clube vale a pena – Levar um saquinho cheio das guloseimas pra casa e comer enquanto lê "Cartas de Amor de Fernando Pessoa". O meu exemplar, diga-se de passagem, é da primeira edição de 1978 e ganhei de presente da minha irmã.
 
 
Nas páginas as trocas de cartas entre Pessoa e sua namorada Ophélia Queiroz, que no início da obra  fala uma pouco do jeito de ser do poeta.
“...Como eu era muito gulosa -  e ainda sou – e o Fernando sabia – o bem, muito bem, levava-me de presentes, muitas vezes, rebuçados e bombons. Dentro de uma caixa de bombons, um dia, encontrei estes versos:
Bombom é um doce
Eu ouvi dizer
Não que isso fosse
Bom de saber
O doce enfim
Não é para mim...”

4.11.12

A Feira da Ladra... das emoções!

Adoro uma feira de rua, principalmente, se for daquelas que vendem vida.


Toda terça e sábado dezenas, de feirante se espalham pelo Campo de Santa Clara, no bairro da Graça, e colocam suas vidas à venda na Feira da Ladra.
 
 

Nos panos estendidos no chão têm de tudo: talheres, lenços, moedas antigas, livros, malas, roupas, brinquedos, vinil, CDs de fado, pedaços de azulejos portugueses retirados de uma fachada qualquer e a esperança de que o velho de espaço para o novo entrar.
 
 

A Ladra é uma das feiras mais antigas de Lisboa. Muito famosa no passado por ser o espaço onde se compravam coisas a preço de banana por serem roubados.
 
 
 Hoje,  tornou-se a parada dos turistas do Bonde 28 agarrados à suas câmaras fotográficas porque já ouviram que o nome faz a fama.
 
 
 
Turistas esses também que se esbaldam com a diversidade cultural e social exposta aos olhos, mas só daqueles que querem realmente ver.

 

Comprar coisas legais na Ladra é procurar agulha no palheiro. De banca em banca com muita paciência e lábia de negociante é possível sair de lá com boas peças pra dar um ar vintage no décor.
 


 

Mas não é só de velharia que a Ladra sobrevive, não. Artesanatos bacanas como quadros de santos religiosos, estandes de jeans e roupas com estampas africanas ou tailandesas estão ali colorindo a colina que tem o Tejo como pano de fundo cheio de vida.
 
 

Tire suas conclusões e me conta depois nos comentários o que você garimpou.

 

Mapeando

O que - Feira da Ladra

Quando - Terças e sábados das 8h às 18h (melhor chegar antes das 14h porque pelas 16h eles já começam a desmontar a estrutura e não rola uma xepa, viu?).

Onde – Campo de Santa Clara, na Graça.

Como ir – Bonde 28 deixa perto e mais uma caminhada de uns cinco minutinhos. Quem vem de Alfama, dá pra chegar ali de a pé numa boa.

 
Clube é bom saber – A Ladra esta longe de parecer com os mercados aberto de Londres. Ali é mais um grande brechó a céu aberto.
 
Clube sacada – O Mercado de Santa Clara fica bem ali no meio da feira e tem uma loja de chocolates artesanais, uma de souvenir de Portugal modernista e sempre uma exposição (como a do Centro de Arte Culinária que estava rolando na minha visita) ou um show de culinária na programação.
 

 
Clube Vale a pena – Passar na vizinha Igreja de Santa Engrácia, Panteão Nacional (que nada mais é do que um monumento arquitetônico destinado a perpetuar a memória dos famosos heróis nacionalistas, artistas, estadistas, etc, e que, em geral, contém seus restos mortais). Ali estão os restos mortais do Pedro Alves Cabral, lembra dele? E da mais famosa cantora de fado Amália Rodrigues. O edifício, no estilo barroco português, tornou-se referência no perfil da cidade. De vários pontos do Centro se vê a cúpula majestosa.



Mapeando - Igreja Santa Engrácia – Terça a domingo das 10h às 17h. Bilhete a €3 e grátis pra quem tem o Lisboa Card.

 Fotos: Paulo Rogério de Souza

1.11.12

Pão por Deus lisboeta no dia de todos os Santos


Hoje é feriado nacional em Portugal. Homenageia-se os Santos cristãos pelo dia de hoje e os finados pelo dia de amanhã.

Aqui em Portugal ainda, no dia de todos os Santos era tradição as crianças sairem juntas na rua e pedir   "Pão por Deus" de porta em porta. Quando pediam recitavam versos e recebiam como oferenda: pão, broas, bolos, romãs, frutos secos, nozes, amêndoas ou castanhas, que colocavam dentro dos seus sacos de pano.
Era também costume em algumas regiões os padrinhos oferecerem um bolo, o Santoro. O que acabou promovendo em algumas povoações o ‘Dia dos Bolinhos’.

Esta tradição começou em Lisboa em 1756, um ano após o terrível  terremoto que destruiu a cidade em 1º de Novembro de 1755. Nessa fatalidade morreram milhares de pessoas e a população da cidade - na sua maioria pobre - ainda mais pobre ficou.

Como a data do terramoto coincidiu com o 1°de novembro os Lisboetas aproveitaram a solenidade do dia para desencadear, por toda a cidade, uma manisfestação com a intenção de amenizar a situação paupérrima em que ficou a população.

As pessoas, percorriam a cidade, batiam às portas e pediam que lhes fosse dada qualquer esmola, mesmo que fosse pão. "Pão por Deus".

Este costume perpetuou-se no tempo, sendo sempre comemorada neste dia e tendo-se propagado através das crianças gradualmente para todo o país.

Nos dias de hoje a tradição ficou limitada a cidade religosa de Fatíma. De qualquer forma vou deixar uns bolinhos pra Deus separados e faço também uma homenagem aos santos, a quem tanto peço, e, hoje, agradeço com uma galeria de fotos das igrejas que passei nas minhas andanças. Obrigado!
 
Santa Bárbara na Catedral de São Paulo em Antuépia, Bélgica

São Miguel, no alto da sua igreja em Viena, Áustria

A Igreja sem santos de São Donato em Zadar na Croácia

Minha preferida: Nossa Senhora da Conceição na Catedral de Maria em Dublin, Irlanda

Igreja Alexander Nevsky em homenagem ao santo que deu nome ao templo em Tallinn, Estônia

O telhado colorido da Igreja de São Matias que proteje os santos em Budapeste, Hungria

O brasão de Cáritas, uma organização humanitária internacional com atuação em mais de 200 países, na Catedral de Liverpool, Inglaterra

Fachada da Igreja São Paulo em Londres, Inglaterra

São Francisco, Madri, Espanha

Santa Ceia recriada no Folk Museu em Oslo, Noruega

Notre Dame, Paris, França

Papa João Paulo II em Cracóvia, Polônia

São Jorge, da minha coleção particular

Nossa Senhora do Sagrado Coração nas casas de Alfama em Lisboa