Fachada da Nacional com o Castelo de São Jorge de fundinho |
Para abrir a temporada com chave de ouro
decidi começar pelo “início” e a pedida, então, não poderia ser outra se não a Confeitaria Nacional, fundada em 1829, pelo confeiteiro Baltazar Rodrigues Castanheiro e uma
das mais famosas da cidade.
O interior imperialista abarrotado de gente |
A fama vem de muito longe:
pelos tracionais gabinetes no andar superior onde se reuniam a nata lisboesta, a indicação
como fornecedora oficial da Casa Real, o vanguardismo de ser um dos primeiros
estabelecimentos a ter iluminação a gás e telefone (o aparelho ainda esta no
local) e, claro, ter a melhor oferta de quitutes de comer chorando como os
bolinhos de amêndoa, de ovos e os
sortidos.
Como adoro os scones à escoceses decidi provar o português. E pra não fugir à regra de outros broas e pães, a receita daqui leva farinha de milho na composição o que deixa parecido com bolo de fubá.E pra acompanhar uma "meia de leite de café de máquina".
O conceituado Bolo Rei português
nasceu ali. Na mala vindo de Paris, Baltazar Junior, sucessor do pai; trouxe a
receita que virou clássica para ser degustada entre o Natal e o dia dos Reis.
No cartaz diz que o Bolo Rei já esta a venda |
Hoje, como mais de 180 anos, continua
na mão da mesma família e mantém inalterada
a tradição de casa de chá que ainda servem scones em plena atmosfera real.
Mapeando
Onde – Praça da Figueira 18B, na esquina da Rua Correeiros. Pertinho
da Praça do Rossio.
Horários – Todos os dias, das
8h às 20h.
Média de preços – scone e
xícara de café com leite por €2,75. As especialidades da casa têm
preços individuais e diferenciados.
Clube Experiência - Como tudo
que é famoso e no Centro está sempre lotado de turistas (e quando digo lotado é
bem lotado, incluindo os dois andares) as mesas têm rotação muita rápida, já
que turista esta sempre com o roteiro cheio e a ideia é provar um doce de ovos
e seguir pro próximo ponto. Melhor pra quem quiser sentar-se numa mesa a beira
da janela e ver a vida passar pelo lado de fora enquanto toma seu café e lê o
Público. Para isso, escolha seu lugar no andar superior bem lá no fundo e saia antes que os turistas acordem e invadam o
lugar pra tomar café da manhã.
Clube vale a pena – Levar um
saquinho cheio das guloseimas pra casa e comer enquanto lê "Cartas de Amor de
Fernando Pessoa". O meu exemplar, diga-se de passagem, é da primeira edição de 1978 e ganhei de presente da minha irmã.
Nas páginas as trocas de cartas entre Pessoa e sua namorada
Ophélia Queiroz, que no início da obra fala uma pouco do jeito de ser do poeta.
“...Como eu era muito gulosa
- e ainda sou – e o Fernando sabia – o bem,
muito bem, levava-me de presentes, muitas vezes, rebuçados e bombons. Dentro de
uma caixa de bombons, um dia, encontrei estes versos:
Bombom é um doce
Eu ouvi dizer
Não que isso fosse
Bom de saber
O doce enfim
Não é para mim...”
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